Os países da Europa meridional, infectados pelo papismo, estão sempre divididos a meio nas questões fundamentais. França, Espanha, Itália andam nisto sempre em sobressalto. A Roménia está disto salva porque nunca foi papista. (Já a tugária é todo um outro fenómeno e não é propriamente um país, é um asilo licencioso, um hospício de internados em sobredosagem de psicofármacos, simultaneamente um bordel e uma cadeia com um pouco mais de 90 mil Km2, ilhas incluídas). Os latinos amam a liberdade e batem-se por ela, mas não sabem ser-lhe fiéis, dizia Hertzen, horrorizado diante das propostas de um velho amigo e combatente francês. Assim parece ser, realmente. De Espanha chegam más notícias para a liberdade de imprensa. Um juiz de Castela achou que podia retroceder 40 anos e produziu uma sentença grotesca, violentíssima, violadora de toda a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. No El País respondem-lhe com o ânimo combatente da velha Espanha republicana. E bem. Uma tal criatura judicante deveria ser afastada de quaisquer funções de natureza pública por se mostrar homem radicalmente inidóneo como todos os que se lhe assemelhem). Uma tal sentença traduz bem o desvario dos funcionários administrativos formados numa concepção nacional-católica do estado. Germina-lhes sempre na ialmazinha uma fúria imensa ante a liberdade alheia. Como diante de qualquer normalidade alheia. Encontram estes homúncula pela frente, em Espanha, homens com a autoridade moral do Cebrián que lhes recusa qualquer respeito e nisso faz muito bem (mesmo ao preço de invocar, sob irritação, a sua autoridade de académico, que deveria dar por demonstrada porque o está). Um juiz nesta figura e nestas matérias é (por ora) uma excepção em Espanha. Mas na tugária é a regra quanto à atitude, embora lhes falte muitas vezes a coragem para afrontar os "grandes nomes" diante de quem aplicam - só por isso, pelo estatuto do arguido- as exigências do Direito quanto à liberdade de expressão. Quanto a outros problemas os lamentos públicos parecem significar que nem o Direito aplicam. É em todo o caso imprescindível ler o texto de Cebrián. Aqui está. Em Espanha, a Hierarquia dos Tribunais anulará isto. (Na tugária isto seria mantido, se não agravado). E o El País, como bem se demonstra, não é apenas um dos jornais mais lidos em Portugal. É porventura o único com o qual se pode contar.
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