Os críticos dizem o mesmo que os situacionistas. Dizem o que diziam há 25 anos. "Estamos a viver acima das nossas possibilidades". Calaram esse discurso enquanto vieram as subvenções europeias. Ali ninguém lhes ouviu um só protesto contra a burla e a corrupção em torno dessas subvenções. Mas agora retomaram o tema. "Estamos a viver acima das nossas possibilidades". Nem é verdade. Estamos a viver acima das forças próprias. Isso sim. Como toda a gente, aliás. Por isso talvez admitem até, os situacionistas e os críticos, a perda da independência (a alienação dos poderes do Estado) e o controlo directo do orçamento geral do estado, como coisa "inevitável". Não acham isso coisa lesiva, desde que sejam eles os cabos cipaios. Mas, sobretudo, repetem-se, repetem-se, repetem-se. Uma ou outra vez, porém, acrescentam alguma coisa de pessoal. Foi o que aconteceu no último programa do Crespo e do fóssil Carreira. Fossile vem de fodere, significa o escavado, portanto; ou, como diz a fórmula corrente, o fodido. Ora o fóssil Carreira disse uma coisa interessante, com a M.F. Mónica e o próprio Crespo. Cantaram todos que uma pessoa normal não aguenta estar nas bancadas do Parlamento. São animais empalhados, aqueles tipos. Porque a regra é a do silêncio. Um deputado não consegue falar. É estritamente instrumental o seu papel. Apenas lhe sendo consentido que vote e de acordo com a disciplina lá do coiso. Lá do dono. Isso é interessante. Por isso o combate à corrupção é gizado pelo Ricardo Rodrigues e pelo Fernando Negrão, imagine-se, com um longo desfile de atrasados mentais das faculdades de direito locais onde os atrasados mentais se formatam. Teve até relativo interesse ver o Vera Jardim a presdidir às sessões em comissão, ele que é simultaneamente membro da administração de um bando, digo banco, e deveria, por isso, estar em situação de incompatibilidade. Mas a ordem é o silêncio. A estabilidade é o silêncio. A paz é o silêncio. Os tribunais criminais bem o dizem numa jurisprudência de atrasados mentais atirada contra a liberdade de palavra, onde é licito duvidar até que o juizes conheçam o léxico que julgam. Os próprios advogados podem cruzar minutas, mas falar em juizo é coisa punível. O anormal Júdice arregimentou os gastrópodes trazidos aos colégios "disciplinares". (Foi buscá-los aos foot boys e aos bordeis e só por isso haveria de ser julgado por um colectivo de antigos sodomizados da Casa Pia). Como trataremos disto? Os criticos não dizem. Mas é simples. Se a estrutura assenta no silêncio, falemos. Falemos até os fazer guinchar. Com um pouco de sorte havemos de julgar os que na sua infinita boçalidade quiseram conter nestes termos a vida alheia. Havemos de os compelir ao guincho até que que as cordas lhes rebentem.
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