Os sicários do “tribunal” da OTAN declararam abertos os jogos. Um idiota, larga-se de um jornal abaixo, falando em TPI (!) outros falam do “Tribunal de Haia”… Não se trata nem de um, nem de outro. Nenhum tratado subjaz a tal coisa que é por isso um “simples”(?) “tribunal ad hoc”. Sendo certo que o Conselho de Segurança não tem competências para instituir tribunais. Resulta este vómito de uma dominação política circunstancial do Conselho de Segurança pelos USA, posta ao serviço da sua “nova doutrina” em política externa, nem mais nem menos que a velha tese da soberania limitada dos outros. E (por consequência) trata-se do “tribunal” que “absolveu” Ramush Haradinaj, “primeiro-ministro do Kosovo” cujo processo contou com a morte inusitada e não investigada das principais testemunhas antes da audiência (mortos sob custódia da OTAN, claro, como o inteiro território do Kosovo). É o “tribunal” que libertou Naser Oric que, a partir de Srebrenica, onde comandava a milícia dos “muçulmanos bósnios”, lançava razias contra os civis das povoações sérvias circunvizinhas, sob a execranda cobertura das "forças internacionais", tendo isto durado até que Mladic decidiu pôr e pôs, em boa hora, cobro àquilo. Depois de retiradas as forças – bem disciplinadas - de Mladic, essas “milícias” (litote para designar bandidos armados) terão voltado, ou tentado voltar, aos confrontos e não se saíram especialmente bem. As forças de Mladic não intervieram, nesta fase, porque os grupos armados dos sérvios trataram disso. Mladic, lembramo-lo todos, garantiu que não haveria retaliações, nem perseguições... e com uma frase muito clara: -"nós os sérvios, somos diferentes". Como se passou tal coisa? É uma boa pergunta e, se pudesse haver inquérito, deveria procurar-se a resposta. Mas as “milícias” muçulmanas da Bósnia, nunca se saíram, saem ou sairão bem. São uma anedota, em combate. Servem para assassinar, não para combater. Sim, é possível que não sejam caso único. Manifestaram, em todo o caso, apenas a ferocidade dos cobardes. Mas largam-se a ganir mal lhes toquem em resposta. Isso o atestam as mulheres. É tremendo ver aquelas mulheres gritando ainda - só instrumentalmente, ali não se mostrou nenhuma dor - que lhes morreram o filhos e os maridos… Como se só os outros pudessem morrer assim. Ainda hoje querem sangue. E pedem-no. Intui-se, ao olhá-las, que males se geraram em tais ventres. Que terrores vieram por tais mãos. Entreve-se, nestas mulheres sobrevivas, de que mortos falamos. Não custa nada imaginá-las em guerra. Sim , a pedir sangue, como o pedem hoje. Embora esperassem e quisessem – isso o concedemos - outro sangue e não o que agora estão carpindo. As mães de filhos mortos, em quaisquer perseguições, como as viúvas, costumam pedir Justiça. Da América Latina a Belgrado. Mas estas não. Nunca a imprensa tinha encontrado e revelado depoimentos como estes, nem mulheres como estas, ante cuja ferocidade apetece pegar em armas. Nunca vimos tais coisas nas mães sérvias, ou nas viúvas sérvias. Nunca. Pois não?... E a Clara Del Ponte chegou a dizer que os albaneses assassinam sérvios (no Kosovo, sim) para lhes traficarem os órgãos. Foi ela que o disse (aliás escreveu-o). Este é um bom coro para aquele “tribunal”. Karadzic está e esteve bem. Temos a certeza que morrerá bem. Esteve bem ao deixar claro que teme ser morto durante o julgamento. Bem, igualmente, ao afirmar que um julgamento – propriamente falando – é ali inviável. Excelente, ao afirmar o rapto do qual foi (efectivamente) vítima. As gentes do “tribunal” portaram-se como bandalhos. Porventura, serão bandalhos. A palavra foi cortada. As mil cabeças da medusa grunhiram as suas versões concertadamente distorcidas por todo o lado. Embora se note, nitidamente, uma quebra de força. Curiosamente, o Globo disse simplesmente quanto havia para dizer. Muito bem. Falta evidentemente julgar os crimes de guerra. Relembremos alguns: o ataque sem declaração de guerra, fora do quadro de legalidade internacional e sem mandato do Conselho de Segurança. O bombardeamento maciço com urânio empobrecido, por exemplo. Está documentado e confessado tal bombardeamento no Kosovo. Mas ainda não o está em Belgrado. Não está confessada a contaminação do Danúbio e do seu delta, nem os reflexos que essa contaminação tem no Mar Negro. Isso são crimes de guerra. Crime foi também a destruição de mais de novecentos templos, mosteiros e outros edifícios dedicados ao culto, entre os quais se contaram capelas do primeiro milénio. Crime, ainda, o bombardeamento dos altares da Páscoa Sérvia com o heróico episcopado nas suas catedrais, cheias com o mais admirável laicado da terra. Outro crime, também, é este “tribunal”. A instrumentalização da Justiça como arma de guerra é, razoavelmente, um crime de guerra. Mas talvez seja necessária outra guerra para os julgar.
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