Saturday, August 16, 2008

O CERCO IMPOSSÍVEL

A ideia em cujos termos a Geórgia poderia ser a “guarda avançada” do “Ocidente” (seja isso o que for) diante da Ásia e da Rússia, assegurando a impossível subalternidade da Rússia na cena política internacional, morreu. Há evidentemente umas manifestações de falta de inteligência norte-americana em sentido oposto. Dizem, por exemplo, que a Rússia pode ser excluída do G8. Quem assim fala – como bem se sabe – está tocado pela mais quadrada idiotia. E a isso respondeu o Vice-Primeiro-Ministro Russo, de modo claro, em entrevista na semana passada à BBC. Procurar marginalizar a Rússia no G8 e na OMC provocaria uma contradição directa e imediata com os interesses económicos e políticos da China, da Índia e da América Latina (para não falar senão nos espaços mais visíveis, acrescentamos nós). Portanto, isso corresponderia a dizer que a OMC e o G8 perderiam o significado e não subsistiriam com o mesmo papel. A pretendida subalternidade da Rússia, caso subsista como projecto político, acarretará a ruína do “mundo ocidental”, a começar pela da Europa organizada na União Europeia. E isso significaria a pulverização de várias coisas. A começar pela da NATO. Mobilizar a NATO para tal tensão é inútil. Podem montar uns radares na Polónia ou na República Checa, claro. E apressaram-se até a outorgar os acordos respectivos. Mas tudo pode mudar de figura e rapidamente(!). Segundo Zbigniew Brzezinski cujo depoimento não é fácil de ignorar. E a isso responderá a tomada de posição de forças militares russas, no plano da mais estrita perspectiva de defesa. Mas não é bom hostilizar quem vende o petróleo e o gás. Não é prudente hostilizar quem compra as coisas que os países-tampão produzem. A Polónia quer vender carne à Rússia? A Geórgia quer vender vinho à Rússia e quer ter petróleo russo? Quem diria… A guerra coral aberta, como segunda frente, por Bush e Rice não chegará sequer à dignidade de uma Zarzuela. Sarkozy negociou uma coisa. Rice quer outra. São a mesma NATO? E, entretanto, Bush e Rice ainda terão tempo para pensar no ataque ao Irão?

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