O tanas...
A OTAN reúne em cimeira na capital belga – capital do estado falhado mais próspero que se conhece - e a Rússia já tomou posições suficientemente claras. Já ninguém se dá ao trabalho de manter a máscara quanto à instalação do sistema ABM na Polónia e na República Checa. Resulta agora evidente que se trata de acto militar contra a Rússia. E a Rússia deixa claro que responderá imediata e eficazmente à simples deslocação dos elementos de tal sistema. Quanto à Geórgia, os objectivos otanascas sofrem uma reformulação nítida nos discursos oficiais. Clamorosamente demonstrada a inépcia dos rufias treinados pela América como “exército” da Geórgia, a OTAN visa agora ocupar as repúblicas libertadas por “forças de paz” compostas pelas suas tropas. Ninguém aceitará tal coisa, evidentemente. O espectro da guerra surge pois perfeitamente evidente. Do ponto de vista da OTAN, não se percebe com que exércitos seria travada. Nem com que fundos poderia ser paga. Nem com que opinião pública se sustentaria tal guerra. Há, evidentemente, países capazes de fornecer soldados cuja morte sai barata, como Portugal, a Polónia e a Turquia. Os portugueses, num tal combate, teriam conduta de ineficácia asinina. Os polacos talvez aguentem alguma coisa mais, mas há noventa mil cristãos ortodoxos em armas nas fileiras polacas. Fazê-los combater os irmãos russos teria efeitos imprevisíveis em quase metade do exército da Polónia. Resta a previsibilidade dos turcos. Mas essa previsibilidade inclui a estranha situação de combater ao lado de gente que, como Sarkozy, deixou dito que a Turquia não é Europa e ao lado de gente que sustenta interesses nos quais a Turquia não quer sequer pensar em reconhecer. É o caso dos curdos do norte do Iraque. Restam os albaneses. Mas para os albaneses costumava chegar a polícia sérvia. A OTAN poderia decidir continuar a esticar a corda. Mas a corda partir-se-ia. Era bom que a última derrota de Bush e Rice não fosse partilhada pelo mundo inteiro. Bush e Rice estimularam a níveis doentios a crispação das repúblicas baltas e da Polónia contra a Rússia. Agora chegou o momento de dizer a estas republicas que... Não. Não há nenhum motivo sério para que o mundo inteiro partilhe uma tal e tão claramente prefigurada desgraça. Uma informação da Stratfor dá nota de intenções que se traduziriam numa simples representação teatral em Bruxelas. A verdade porém é que nada é seguro, em matéria onde a insegurança atingiu um clímax planetário. Segundo tudo indica, se a OTAN não ceder já, pode bem ter de ceder do pior modo. Segundo os da Stratfor todos o sabem. Nisso podem dar-se por assentes dois pontos: não há inocentes, primeiro; e em segundo lugar, acabou a "Nova Ordem Mundial". Ou como diz a Stratfor, com alguma graça, o Séc. XXI será igual a qualquer outro. Resta a possibilidade dos imbecis ainda em Varsóvia, com as ânsias de alma de nacional-católicos, fazerem, eles próprios, um gesto à Saakashvili esperando talvez que o execrando Ratzinger lhes chame "últimos grandes cavaleiros da cristandade". Os da Stratfor não admitiram essa possibilidade e não a exploraram. É verdade que só a unanimidade conduz a OTAN. Mas também é verdade que todos os membros da OTAN estão vinculados a assistir militarmente qualquer membro da aliança que provoque, com êxito, um ataque militar alheio. O golpe de teatro pode ter efeitos imprevistos. E a NATO está agora confrontada com o preço plausível do triunfalismo infantil em que tem vivido.
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