Thursday, July 2, 2009

ϕοδαζ

Crise, crise, crise. Inépcia, inépcia, inépcia. Os economistas, Europa fora, têm dificuldade em enfrentar a quebra de respeitabilidade, mesmo no plano das suas relações sociais. No Tugastão não é assim. Mas isto é uma adjacência. Um apêndice. Um depósito. Um asilo, no mais humano quadrante. Imagem do asilo é o Medina Carreira fulminando tudo, pensa ele – contorcendo a focinheira nos trejeitos de ajustamento da dentadura – e anunciando o “seu” segundo livro que, pela segunda vez, teve de ser outro a escrever (!) – porra!... Como nós os gregos costumamos dizer – deu-lhe a artrite dentro, ou fora da cabeça? Interessante empenho, o deste antigo professor da escola comercial elevado a um fugaz ministério por Mário Soares. Insiste hoje em dizer-nos quanto ciclicamente temos ouvido e havemos de ouvir de novo ao estupor da velha. Porque não farão eles um par? Tudo vem conforme às características do tugastão. O moralismo dos delinquentes. O rilhar de dentes dos desdentados. A agilidade das artroses. A verdade dos imbecis. A cólera dos raquíticos. A fanfarronada dos cobardes. A fé dos hipócritas. A altivez do servilismo. Mas há uma avassaladora reacção teórica, milimetricamente rigorosa, formulada por um grande sociólogo e professor português (que muito prezamos) e que tudo diz, numa palavra e essa palavra é - ϕοδαζ, expressiva noção que, aqui elevada ao estatuto científico, traduz o “quantum satis” exigível ao veredicto face à respeitabilidade local sem qualquer relevo público. E ao relevo público local sem respeitabilidade possível. Basílio II de Constantinopla – inspirador de várias generosidades – entendeu resolver a seu modo uns ímpetos alheios com análoga teleologia. E próxima origem. Uns ceguinhos. Primeiro por uns motivos, depois por outros. ϕοδαζ, terá intuído o Basileus embora sejam omissas as crónicas quanto à respectiva verbalização. Tzepes, voivoda de imortal memória e preciosa flor de aço, de entre as várias que na Valáquia floriram, teve também umas intuições para a solução em matéria claramente conexa que, de resto, aplicou sem cerimónia. ϕοδαζ, com efeito. Vale bem um manifesto político, a sucinta fórmula. A crise económica, em todo o caso, acompanha-se de outra crise que curiosamente a precedeu: o embotamento do entendimento e da sensibilidade sob a forma de especialização estéril e o funcionalismo esterilizante na pretensa investigação. Uma burla gigantesca, outra vez. Mais discreta, embora. De repente – imagine-se – descobrem estes especialistas não apenas a obrigação de ter pensado e de ter visto, mas a necessidade de compreender ainda. Nunca lhes tinha ocorrido que ao estatuto correspondesse uma função. Faltava-lhes entender que à função cabia ainda uma utilidade. Tremenda situação. E recusam-lhes mesmo qualquer repouso no fracasso. Continuam a pedir-lhes soluções. Terror indizível. Os tugas, longamente habituados à imbecilidade de quem governa, à vacuidade de quem diz pensar, à alarvidade de quem pede estatuto, ao plágio dos que publicam e à inutilidade de qualquer publicação, os tugas, vítimas dóceis de todos os que vivem da coisa e não para a coisa, estarão talvez – ironia do destino - mais bem preparados para isto do que o podem estar os outros. Em todo o caso (Deus seja louvado) o mais exacto veredicto científico, coincidindo no essencial com a mais exacta conclusão diagnóstica, está já formulado pelo (venerando) Professor de Sociologia acima mencionado (e cujo nome não referimos para não lhe turvar a modéstia dos homens de rigor). ϕοδαζ , naturalmente. Teme-se que a terapia possa ser encontrada por alguém entre as soluções de Basílio II e Vlad Tzepes. Ainda vamos ter que defender a vida destes abortos. (Era o que nos faltava). Não terão fim as provações consentidas pela Providência?

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