Saturday, February 5, 2011

A NOVA REVOLUÇÃO ÁRABE

Da Argélia ao Iémen, parece poder concluir-se que os Estados presididos por uma liderança religiosa ou religiosamente valorável estão a suportar melhor o descontentamento. As Casas Hachmitas de Marrocos e Jordânia e a presidência de Khadafi suportam (até agora) a pressão. Entretanto o Irão saúda na Revolução Árabe a Nova Revolução Islâmica da qual se sente percursor (e talvez o percursor tenha sido Khadafi que, se bem nos lembramos, foi o primeiro a assumir essa qualificação na vitória, embora, porventura, não tenha sido o primeiro a assumir o objectivo em combate). O Egipto tornou-se um laboratório para os serviços de inteligência. Porque para além das declarações vagamente aceitáveis da Casa Branca (aceitáveis em tudo o que não signifique a intrusão pura e simples) quanto se passa é que os esbirros locais dos interesses americanos esperam o fim do ciclo da desordem, que procuram catalizar, seja libertando presos de delito comum, seja evitando suprir as deficiências de abastecimento que a insurreição gerou, seja acentuando os perigos (mandando as forças de segurança delinquir elas próprias, para insecurizar o quotidiano e isso não é apenas o ataque aos manifestantes, mas a participação em saques e assaltos a pessoas), seja ainda difundindo o medo (todos os manbifestantes foram filmados e a retaliação pode exercer-se sobre todos). E à cabeça disto o Omar Suleiman. Um torcionário. Chefe de torcionários. Que os USA e Israel sonham transformar em novo titular do poder. O homem tem aquele aspecto encardido que só encontramos em tugas pavorosos. O que os fez encardidos é quanto têm andado a fazer. Entre tugas esse aspecto encontra-se, por exemplo, em Celso Manata. É um torcionário, claro (vagamente paneleirado, como o exigem o gosto e o estilo oficiais da tugária) enviado pela tugária ao Comitê Europeu de prevenção contra a Tortura. Também há assim umas caras nas estruturas da "ordem dos advogados" e algumas outras nas polícias e na judicatura. É a cara do que andam a fazer. Dá para as reconhecer à distância. Resta ver se a sordidez basta para travar a revolução. Diríamos que não. Sobretudo quando faz braço de ferro directo com a multidão. Isso cataliza a rebelião. Logo veremos no que idá. Quanto nos parece é que as deficiências de abastecimento serão supridas pela solidariedade islâmica e outro tanto ocorrerá com os problemas de segurança. O encardido Suleiman sabe torturar homens e mulheres isolados. Mas, felizmente, não sabe lá muito bem o que seja fazer ceder uma multidão pela tortura. E os USA estão a braços com uma Nova Revolução Árabe. Tendencialmente pan-árabe. (O que faz tangíveis os sonhos da restauração do Califado). Fiel ao Islão. E os USA podem perder pela estupidez a viabilidade política do seu abastecimento de combustíveis. Agora é preciso que a Grande Revolução Árabe passe, pelo exemplo, à margem norte do Mediterrâneo, ou seja, à Europa do Sul. E também aqui trataremos dos nossos encardidos e das lojas e sacristias que os pariram, bem como das crias que geraram. Assim Deus o consinta. (Oxalá, como os árabes nos ensinaram a dizer).  

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