O Supremo Tribunal da Federação Russa
recusou a reabilitação do Tzar Nicolas II, da Tzarina e dos Príncipes Imperiais abatidos
em Ekaterinburg. O pedido foi apresentado por S.A.I. a Grã-Duquesa Maria Romanova. (Senhora encantadora, sem sombra de dúvida). Mas os magistrados entenderam que, na actual formulação legal, lhes incumbe apenas a revisão de processos e decisões. E não tendo tais mortes resultado de decisão condenatória formalizada, não há possibilidade formal ou material de revisão. O Patriarcado reagiu, propondo à sociedade russa e recomendando aos fiéis a comemoração da data da fuzilada de Ekaterinburg. A Igreja, chamada à sagração do Tzar, não pode senão permanecer fiel à unção que oficiou. Ainda que o seu porta-voz pudesse ter sido mais prudente. Chamou soberano legítimo ao
Tzar e usurpadores aos comunistas (muito embora o Tzar já houvesse transigido, já tivesse abdicado face a Kerenski e tivesse sido aprisionado e mantido prisioneiro por Kerenski). É seguro que boa parte dos russos, mesmo ortodoxos, pode não concordar com a servidão da gleba (tardiamente instituída - por infeliz imitação do Ocidente e já fora de tempo, aliás - e grotescamente mantida por teimosia excessiva). Os príncipes são mártires, posto que a Igreja o proclama. Mas não há nada de venerável na servidão. Por outro lado, Nicolau II abdicara. E embora tenha pago com a vida horrores que não desejara nunca, à nobreza russa é imputável a quebra de uma fidelidade a exigir a cada nobre que caísse antes do seu Príncipe. (Todas as coisas sérias, devem tomar-se à sua escala). Confiemos, em todo o caso, que o porta-voz do Patriarcado aprenda a matizar melhor as futuras intervenções. Nada a opor, bem entendido, que se lembre a morte de pessoas estimabilíssimas como consequência tremenda da
Revolução cuja causa - maior e evidente - foi a distância que o trono se consentiu face aos povos colocados sob a sua protecção. (Para mantermos uma terminologia compreensível por todos).
No comments:
Post a Comment