Entrado o sétimo mês do desaparecimento de Maddie McCann, vale a pena rever o que temos. A primeira coisa que avulta em tudo isto é a arrepiante conduta da “polícia portuguesa” e das estruturas com ela conexionadas. A ânsia de sórdido, desde logo, fascinação obsessiva do português de baixa classe média, começa por atirar para cima das vítimas (os pais de Maddie) que seriam swingers… A mesma personagem acrescentou, sempre sordidamente, que os médicos têm acesso a substâncias vedadas aos demais e portanto teriam podido sedar os filhos (!). Sedariam portanto os filhos e iam para a pândega. Nisto vem (a nossos olhos) o claro estigma da baixa classe média (rural e autóctone), onde eram frequentes as “sopas de cavalo cansado” até há bem pouco tempo. Papas de vinho, para quem não saiba, dadas às crianças de berço, fosse “para enrijar”, “para alimentar”, ou simplesmente para as crianças ficarem sossegadas. O alcoolismo desde o berço, em síntese. Uma boa parte da baixa classe média rural cresceu com isso. E uma boa parte da escumalha acha que todos os demais só diferem de si própria no modo das condutas e jamais na substância delas. É quanto nos parece ter ocorrido aqui. O atrasado mental que veio dizer tais barbaridades a público (sem o menor fundamento probatório que se veja) e usando o pretenso titulo de “criminalista” subsiste em liberdade. (Não devia ter sido submetido a medidas de coacção ou segurança?)... Não é o mesmo emitir uma opinião ou – com gritante desprezo pela verdade – bolsar a sordidez própria, apresentando-a decomposta em pretensos factos imputados a outros. Depois vêm os da unidade da “polícia de investigação”: torcionários indiciados, arguidos em processo criminal e em fase de julgamento por tortura e cumplicidade (!) … E três meses passaram nos quais a principal necessidade do processo foi esclarecer as confusões, absolutamente estúpidas, lançadas por tal gente, numa sanha furiosa e toda pessoal contra os McCann (sem o menor fundamento probatório que permitisse qualquer acusação). Mas enquanto isto corria, ocorreu outro detalhe. Uma brasileira – Maria Virgínia Sardinha – também tornada suspeita da morte do filho, aparece, segundo testemunho publicado “on line”, com queimaduras de cigarro na cara, lesões severas com restrição de movimentos num braço e com o Senado Brasileiro a pedir explicações… Que pode a opinião pública concluir?... Aparentemente, há no território português uma espécie de “pena de infâmia” funcional, administrativamente decidida e sem defesa, a permitir (funcionalmente) a “distensão” dos “polícias” – com gostos compatíveis – sob forma espancamentos, queimaduras com pontas de cigarros e outras tropelias (em Sacavém houve até uma degolação, num posto da Guarda, lembram-se?) … E a única conclusão segura, por hora, é a existência nas polícias de gente (sempre em excesso) cuja conduta não revela quaisquer qualidades morais e se mostra completamente isenta de quaisquer referências de disciplina técnica. Não parece extraordinário supor que qualquer eficácia de qualquer investigação do desaparecimento da Maddie McCann possa (infelizmente) ter sido definitivamente comprometida por isso. Basta o que basta, diz hoje o porta-voz dos pais de Maddie. Realmente, sim. Definitivamente, sim. O Inspector-geral da Administração Interna deixou há dias algumas coisas claras quanto às polícias sob a sua jurisdição. “Muita incompetência”, disse. “Excessiva”, diríamos nós. E sobre o magistrado se precipitaram as reacções “à portuguesa”. “Isso não se pode dizer”. (Estranho, não é?)… Acham que é "atacar as polícias" (que imbecilidade) ... Pacheco Pereira acha que isto não pode ser dito. E o socialista (?) Jorge Coelho, no que lhe resta de cérebro, apresenta a mesma opinião. Mas o resultado dessas restrições não é sempre o mesmo?… As coisas que “não podem ser ditas” são gritadas, mais tarde ou mais cedo. Caso não tenham reparado, já entrámos nessa fase. Depois, o “isto não se pode dizer” traduz a censura. E a censura (esqueceram-se?) é absolutamente proibida. Querem demitir o Inspector Geral Clemente Lima. (Mas, há um mês, também quiseram demitir o Procurador Geral da República).
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