Tuesday, May 20, 2008

Nasr Hamed Abou-Zeid

A experiência da globalização sente-se com estrutura teológica na pretensa evidência da inelutabilidade das regras de mercado às quais ninguém pode opor-se. Como se aqui houvesse um Deus omnipotente, mas desprovido de qualquer Clemência. Todas as (pretensas) regras da economia globalizante omitem a justiça social. A opinião vem de Nasr Hamed Abou-Zeid, professor de Estudos Islâmicos na Universidade de Leiden, numa entrevista magnífica ao Al Ahram. Compreende-se o seu interesse pelo Sufismo (que de resto estende… fala em sufismo cristão, judeu e budista, terminologia interessante a sublinhar, parece, a plausível consistência comum dos misticismos ao menos na universalidade da sua tensão com os canonismos).

Centra a sua atenção em Averrois e Ibn Arabi. Leitura absolutamente obrigatória. Entusiasmante. Visa evidentemente uma “leitura actualizada” do Corão. Claro. Não pode obedecer-se a nenhuma Lei sem determinar a sua vontade actual. Parece evidente. Tão evidente como a resist ência dos dogmatismos canonistas. Contra Ordem não dava saltos assim desde a sua descoberta de Al Afghani, cuja fotografia aqui reproduzimos. Temos de facto a sensação de ter retornado à era dos grandes mestres. Os moderados e os radicais parecem-lhe substancialmente o mesmo. Mais um homem magnífico e este para sorte nossa, está mesmo, mesmo ali … Vamos ouvi-lo a Leiden?

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