Monday, May 26, 2008

OUTRA EUROPA

A “grande Europa” sempre se pensou como uma expansão das lideranças ocidentais. Ideia estranha, face a cuja estranheza os resultados se traduzem em simples desfasamento. Nas coisas mais pequenas, como nas grandes. A grande Europa traz, afinal, uma mudança dos padrões do gosto, parece. Nos três primeiros lugares do (frívolo) Festival da Eurovisão ficaram três países ortodoxos. O vencedor (a Rússia) canta-se diante de nós. Mas as outras canções também podem ouvir-se como metáforas políticas. “Tens que me descobrir”, “não sou um livro aberto”, canta a Grécia. (Claro). “Vais ver o que mantive escondido”, “estás prestes a arrepender-te”, diz a Ucrânia. (Nem isso nos surpreenderia, acrescente-se). “De pé, como uma árvore ao vento”. “Nada moverá esta montanha”, proclama a Rússia. (Quem duvidaria?)… “Para a luta acabar, tens de me abraçar”: - Sim, lindíssima e teimosa Arménia. Tal abraço está longe de ser imposição desagradável, aliás.

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