Sunday, October 25, 2009

Saramago tinha de escrever Caím

Saramago tinha de escrever Caím. É hoje o mais qualificado representante vivo do anticlericalismo republicano, ao qual se deve a redução à invisibilidade do papismo naqueles anos da Primeira República. É legado desta República a demonstração de que o papismo é redutível ao zero. Os papistas da tugária são ainda o resultado da recomposição política feita por Cerejeira e Salazar. Nada há no papismo túgare que não tenha antes estado na abominanda cabeçorra de Cerejeira. E por isso o deus de Salazar e Cerejeira, deus de Ratzinger, deus de Escrivá e Franco, deus de Pinochet, deus de Kotsilovsky e de Stepinac, deus de Groer e Marcincus, é o deus da casa pia e do colégio militar. Inimigo de todos os homens. E fatal adversário da criação. E eles, os das estruturas papistas, miserandos homúncula, sodomitas e pedoclastas (q.e.d.), recrutam o seu "clero" com critérios claros, gizando as respectivas promoções com critérios igualmente claros. O laicado abandona-os. Por todo o lado. (Deus seja louvado). Mas os mecanismos de intriga e chantagem suprem o abandono espontâneo dos povos pela parasitagem dos estados. Ainda hoje o Torgal Ferreira fazia de feiticeiro da tribo, reduzindo o “exército português” ao papel de figurante. Ora, se o exército é papista, o papismo que o pague. (Esta corja já terá ouvido falar na neutralidade religiosa do Estado?)... Lá estavam uns marçanos endomingados e uns labregos em jeito de missa cantada (mais grunhida, na circunstância, tamanha era a desafinação e tão repulsivamente grosseiras as vozes da gentalha). Com o serviço público de televisão a fazer ecoar aquilo, que por acaso funcionou como publicidade negativa. Os gajos são mesmo feios. Os gajos são mesmo broncos. Os gajos são mesmo grosseiros. E as (presuntivas) gajas ali à mistura mais lhes valera o lesbianismo lá no circuito institucional, porque não são iguais a ninguém que se conheça. Mostrar as ventas de tudo isto resulta sempre. E sempre na direcção certa. Mas essa nunca é a intenção. Felizmente toda a gente (que não seja funcionário) quando ali fixa o olhar sofre – no mínimo - um violentíssimo enjoo. Aquilo não é gente normal. Sim, Saramago tinha de escrever Caím. E os papistas, na vastidão do conhecimento humano, hão-de poder encontrar alguma coisa de que possam ocupar-se com honestidade mínima e eficácia média. O vigor do trabalho da estiva e os serviços de recolha de lixo parecem primeiras e boas sugestões de ocupação num futuro próximo. Eles têm de ser reduzidos. (Militarmente falando). Quando se olham tais fenómenos, é impossível não reconhecer que os ateus estarão sempre mais perto da humanidade de critérios. Saramago tinha de escrever Caím.

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