Wednesday, October 14, 2009

SÓ A CRISE PODE MATÁ-LOS

Trinta e seis deputados de esquerda radicalizada. Noventa e seis deputados de esquerda moderada. Noventa e nove deputados conservadores. São os resultados oficiais das legislativas. A abstenção passou os quarenta por cento, traduzindo a posição numericamente mais relevante do colégio eleitoral. Isso transforma os resultados dos partidos com deputados eleitos em percentagens ridículas. Não obstante e materialmente falando, os resultados dos partidos com deputados eleitos traduzem a existência indiciada de uns quatro milhões de imbecis no colégio eleitoral. O partido do Freeport e da Casa Pia, o partido da Grande Loja e dos casos moderna e independente e o partido do caso portucale constituem a exacta maioria parlamentar. Evidentemente absoluta. Este é o verdadeiro rosto do parlamento. E o dos seus grotescos eleitores. Uma percentagem significativa, é certo, exerceu o poder de não ser cliente e nem às urnas foi. É número coincidente com a percentagem que as sondagens revelam favorável à protecção institucional da população portuguesa pela soberania da coroa de Espanha. E realmente ninguém, nenhum exército de ocupação, poderia tratar pior os autóctones, nem pilhar com mais severidade o território do que o tem feito a (ignominiosa) maioria parlamentar de sempre. A margem de abstenções aumentou ligeiramente nas autárquicas. Mas nem isso é significativo. O partido do caso moderna iniciou um processo de afrontamento entre a facção ultramontana (quer dizer o papismo que não se limita a ser odioso, mas que causa o vómito) e uma pretensa maçonaria de metades de homens – porque todos nos fazemos gente todos os dias e eles se amputam todos os dias - tratando-se aqui da maçonaria da moderna e da independente, claro, que é a maçonaria de Pinochet (para sermos rápidos). Bem podem matar-se uns aos outros, que sempre nos poupam trabalho. Adoptam agora – como o execrando Moita - o discurso do liberalismo político. Coisa irritante. Mas também irrelevante, porque tudo subsiste igual. Isaltino foi eleito e choveram críticas ao seu eleitorado. É um condenado a sete anos de prisão efectiva, pendente de reapreciação em recurso interposto. Uma tal eleição significa – evidentemente - que do ponto de vista da população de Oeiras a credibilidade do aparelho de justiça é inferior à do condenado. E está certo. (Apesar de tudo). Este fez algumas coisas que estão bem feitas a todos os olhos. Aquele só faz asneiras. E é uma asneira em si mesmo. Isaltino pensou umas coisas ajustadas. O aparelho de justiça não pensa, como o demonstram as minutas publicadas. Pode isto explicar a votação em três partidos que são (evidentes) associações de malfeitores (óbvios) à luz de quanto se publicou na imprensa autóctone?... Não. Isaltino deu e dá uma contrapartida aos seus munícipes (transformou as margens - em ruínas - de um esgoto a correr a céu aberto num sítio onde se pode viver e trabalhar). A maioria parlamentar – na exacta fisionomia revelada- o mais que pode oferecer à população é uma porta de fuga para a Europa, para o Brasil ou para a armadilha da África de pretensa Língua Portuguesa. É tudo. Prossiga a crise. Viva a crise. Só a crise pode matá-los. Possa o Inverno da economia desinfestar estes solos. Na terra onde tudo faz tremer, seria assinalável progresso poder tremer apenas de frio.

No comments: