Os gangs de ministros estão muito enervados com a suspeição que os gangs de juízes lhes atiram para cima. E vice-versa. Todos acham que a respectiva honorabilidade está a ser posta em causa pelos outros. E é verdade, claro. Mas nenhuma honra é tocável por qualquer injúria ou calúnia, porque os outros não lhes dão crédito onde a honra exista. É simplesmente assim. Já qualquer verdade põe em sobressalto qualquer honorabilidade fictícia. O que fere a pretensa honra nunca são as injúrias, mas a plausibilidade (ou a verdade) daquilo a que os “ofendidos” chamam injúrias. E a simples plausibilidade traduz a radical ausência de honra reconhecida pela comunidade. Essa plausibilidade é incompatível com qualquer honra. Daqui decorre que a vingança delegada (e exercida) nos (e pelos) serventuários judicantes, ao abrigo do pretenso crime de injúria (ou de difamação), é efectivo crime contra as liberdades civis e políticas. Por consequência, devemos esperar que os gangs de ministros liquidem quantos possam entre os gangs de juízes. Esperando igualmente que os juízes liquidem quantos consigam entre os gangs de ministros. Depois é preciso tratar dos que entre uns e outros sobrem. Porque não deve sobrar nenhum. Mesmo que já não haja país. Não pode sobrar nenhum.
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