Saturday, November 7, 2009

PAPISMO EM DEBATE

O papismo foi levado a debate em Londres, por iniciativa da “intelligence squared”. Mais de mil e oitocentos participantes no debate recusaram à ICAR qualquer bondade no papel que desempenha no mundo, em votação final. Contra cerca de duzentos votos. Um jovem inglês olhou John Onaiyekan - diante das Câmaras da BBC - e perguntou-lhe: -”arcebispo, qual é a posição política da igreja católica da qual se envergonha mais?”... E Stephen Fry na sua alocução sublinhou as centenas de padres e freiras em julgamento, por genocídio, no mais católico dos países africanos: o Rwanda. E sublinhou ainda a canonização de Thomas Moore (pelo papa Voitila, de tremenda memória). Lembrou que a tal “santo” se deve o assassinato de muitos ingleses cujo pretenso crime foi o de terem lido a Bíblia em Língua Inglesa. Um debate radicalmente livre. Com respostas absolutamente descoloridas – senão absurdas - do arcebispo Onaiyekan e da deputada conservadora. Respostas construídas no elogio recíproco que ninguém mais acompanhava ou acompanhou. E a conclusão parece-nos adequada e evidente, aliás é sempre a mesma quando um debate livre é possível: a ICAR, enquanto tal, é uma força malévola de opressão, perversão, violência e radical falta de respeito pela vida, pela liberdade e pela dignidade dos homens, pela Criação Divina e pelos Evangelhos. Nem vale a pena persegui-los. Basta examiná-los e abandoná-los. Como ali se fez. Entretanto, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou o Estado Italiano pela manutenção da quinquilharia papista nas salas de aula. Concordamos com a solução, sem recusar nem conceder completamente o fundamento respectivo. Trata-se da retirada dos “crucifixos” das escolas. É evidente que têm de ser retirados. E o que é isso, em tal quadrante? São estatuetas de homens de musculatura exagerada e, em regra, de abdominais sobredesenvolvidos, a contorcerem-se, numas cruzes, em imagens carregadas de sugestões – sexuais, inegavelmente – todas grosseiras e malsãs. Imagens que, do ponto de vista Cristão, não podem celebrar a vitória do Ressuscitado sobre a morte. Representam apenas o que mostram. Como as representações papistas do martírio de S. Sebastião. Um qualquer êxtase letal, porventura de natureza homo-erótica. E ali há quem veja, até e apenas, mórbida pornografia. A tara sob a pretensa moral. Não são coisas que devam expor-se em Escolas. Talvez possam ser estudadas em História da Arte. Mas a sua oferta à veneração, senão à adoração, da infância parece-nos impensável e deveria mobilizar imediatamente os aparelhos de protecção de menores. Os papistas celebram de resto a própria morte, também morbidamente, na primeira porta da direita na sua primeira basílica, em obra cuja genialidade se mede pela perfeita presentificação do horror, na mais austera economia de formas. A repulsiva construção define-se, assim e por isso, como percurso macabro iniciado na porta da morte e, sem conceder repouso aos olhos - desde o latejar do chão de muitos mármores, ao faiscar das talhas inúteis, acaba no trono do estupor do velho (infalível, dizem eles),perfidamente elevado sobre todos os altares, incluído o altar-mor, isto é, elevado acima de todas as formas da Presença Real, se acaso em tal construção se pudesse preservar esse sentido fundamental da Sagrada Liturgia. É malhar-lhes. Malhar-lhes sempre. Sem desfalecimentos. E abandoná-los. Sem hesitações. Qualquer crítica que falhe o alvo pode significar um desperto a menos. Ou muitas vidas a mais. Há pois que fazer um esforço para, malhando sempre, acertar sempre. Assim Deus, no seu infinito amor pelos homens, nos sustente o esforço. Não poderia Saramago escrever outro Caim?... Claro que sim.

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