Prosseguem as tentativas de refundação portuguesa. À esquerda e à direita. Estará em formação um novo leque político? Volta a haver pessoas com projectos políticos e não apenas personagens com projectos pessoais, geradas por partidos que outras entidades parasitam através de tais personagens? Logo veremos. Mas em bom rigor não basta apenas discutir o Estado, a sua subsistência e a sua viabilidade política. É preciso discutir tudo. A Nação também. Nunca o sentimento de unidade nacional esteve tão claramente em causa. Nunca como hoje um movimento de opinião advoga a protecção tutelar da soberania espanhola como solução preferível a todas as outras. Numa percentagem coincidente com a estável margem de abstenção eleitoral. E nunca estiveram tão claras questões do problema Saramago, porque há um problema Saramago. Há um só Nobel da Língua Portuguesa, em todo o espaço desta Língua. Isso tem de fazer meditar sobre a mediocridade profunda que a esta Língua vem ligada. A Língua espalhou-se pelo mundo, mas que coisas espalhou esta Língua pelo mundo, que ninguém lhes vê mérito bastante? Língua franca do comércio no extremo oriente, língua dos tráficos de escravos, oiro e açúcar no Brasil. Língua de muitos navegadores e admiráveis corsários ainda que poucos. Língua cujo primeiro documento escrito é a notícia de torto. Uma queixa-crime. (Predestinação colectiva?) … Saramago é o único Nobel da Língua Portuguesa. E não consegue sequer viver em nenhum lugar onde esta Língua se fale e escreva. E dos mais infectos e recônditos tugúrios da tugária, ainda há homens-rato que imaginam rosnar-lhe, e homens-sapo que, em delírio, exibem as próteses de cornos para marrar nele. Quase todos estes fenómenos vêm dos charcos da antropoclastia papista. Mas a antropoclastia papista reivindica o país como coisa sua. “País católico” diz tal canalha. Terá razão esta execranda corja?... É preciso ver. Não podemos avançar sem esclarecer isso. À direita ou à esquerda. O leque político a constituir tem de pôr o papismo entre os parênteses de uma (estrita) admissibilidade política e social de conduta. Diríamos mesmo que, indemnizações pagas, pela pedoclastia e maus-tratos (maus tratos que não são apenas a menores, é preciso ir ver os asilos de velhos), o papismo que sobrar há-de ficar vinculado a um juizinho muito claro na conduta. O Estado e a Nação nada devem ao papismo e às suas taras, cujas traduções estéticas são o faduncho berrante e o rasteirinho canto-chão. No primeiro caso é a notícia de torto em gemidos e grunhidos arrancados às mais profundas entranhas da tolhidinha a quem só a rasquice sobra na exibição gritada da dor. Porque rasca significa, justamente, gritante. (Não há léxico para descrever a repulsa que o fenómeno nos suscita). O papismo também devia pagar indemnização por isso. Mas tudo quanto o papismo aqui tem foi o Estado quem lho deu ou permitiu que lho dessem. E tudo isso o papismo há-de pôr em hasta pública para pagar indemnizações (e não vai chegar), à excepção dos bens que, sendo património da comunidade nacional pelo seu interesse histórico e cultural, o Estado (se concluirmos pela desejabilidade de uma tal continuidade) deve simplesmente chamar a si. Os papistas que conseguirem resistir à ausência de benesses, de empregos, à impotência quanto à perseguição de homens e mulheres livres, esses, assim circunscritos à estrita normalidade de vida de homens de mulheres livres quanto às decisões pessoais e iguais em todos os debates, esses logo veremos se bastam à reabilitação. Talvez sim. Mas se não, não. É simples. Mas num estado entregue a gangs entre os quais pontificam os proxenetas de órfãos e seus clientes, parece tremendo que os militantes da nova esquerda, como aliás os da nova direita ofereçam a sua identidade como alvos sacrificiais ao sobressalto dos canalhas. Há uma “rede bombista de direita” intocada e impune e cujas cumplicidades coincidem com os laços que fundam um conluio parlamentar maioritário, do “centro democrático e social” de Portas ao “partido revolucionário institucional” de Sócrates. Coincidem, mas superam-nos. Há homicidas desta rede na hierarquia papista local. Maior discrição destes militantes deixar-nos-ia mais tranquilos, portanto. Depois, os objectivos da nova esquerda, parecem condicionados. Porque se a nova esquerda é necessária, a verdade é que todo o Direito se tornou fundamento de revolta no estado de todos os arbítrios. Uma nova esquerda só pode afirmar-se no quadro de uma Nova República. É precisa uma refundação do Estado. E não vemos motivo para que as perspectivas assentes no Direito violado e que, à partida, seriam classificáveis como direita - devam ser excluídas de uma tal refundação. É preciso estabelecer pontes. Cindir os partidos onde os proxenetas de órfãos se acoitam. Separá-los dos seus “sponsors”. Reafirmar os consensos em torno dos valores comuns e deixar claros os pontos de divergência. Todas as reuniões preparatórias deveriam ser feitas fora do território. La Guardia, seria um bom sítio. A polícia espanhola tem unidades bem adestradas no combate ao terrorismo. Mas pode ser em França o lugar de discussão. Na tugária é que não. E quando todos estiverem preparados para devolver ao Direito o seu império sobre o Estado, é preciso consolidar uma frente comum e deixar esta corja a nú diante da opinião pública. Duas comissões parlamentares de inquérito na Nova República limpam tudo em seis meses. No máximo. Depois é entregar as coisas a uma judicatura reformada para julgamento criminal, por tribunal de júri popular, em processos urgentes. Bem entendido, as verbas da corrupção nos últimos anos rondarão os quinhentos mil milhões de euros, em contas rápidas. Uma das tarefas da Nova República é recuperar essas verbas. Evidentemente.
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