O aspecto mais marcante desta fase da revolução egipcia não é a preparação do julgamento de Mubarak, nem a plausível morte do homem antes da audiência. O aspecto mais marcante é a tentativa dos militares restabelecerem o delito de opinião. A tugária demonstra que isso opera e é possível. A tugária logrou manter uma solução "legal" com o mais indecente (e até agora bem sucedido) desprezo de todo o Direito Europeu, com a procuradoria e os tribunais a funcionarem como polícia política e sem que um gesto de reprovação política tenha sido registado (ao contrário de quanto ocorreu em Timor, onde não foi possível adoptar essa solução do Código Penal Português). É pois possível restabelecer o delito de opinião. Na imunda tugária foi Mário Soares quem o fez. Mas isso não é tão rápido relativamente a comunidades nacionais que têm vigorosamente presente a experiência actual da vitória política sobre a opressão. Isso tem de fazer-se mais bem feito. E a população deve ser apanhada em fase de refluxo do movimento revolucionário, com alguma desautorização ou perda de prestígio dos seus dirigentes. Não é tão simples. E a convicção em cujos termos uma tão peregrina ideia poderia ser simples e imediatamente exequível, pode matar o governo militar. Assim o consinta Deus, O Clemente. A história dos limites da tutela política dos militares também deveria ser bem examinada. A infame tugária teve nesse domínio um processo interessante. Mas a majestosa Turquia está a viver um processo desses ainda hoje. Já os militares da Santa Terra do Egipto, se estivessem mais bem centrados no seu juramento de fidelidade à Pátria, estariam em posição ideal para uma experiência interessante e para a qual, evidentemente, se mostram (e precocemente) não apenas impreparados, mas imprestáveis. O exército não pode fazer outro Egipto. Mas Egipto pode fazer outro exército. (Queiram o que quiserem a CIA e a Mossad). Assim o queira Deus.
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