Podem as chamas alastrar à margem
Norte do Mediterrâneo? Claro que sim. A insubmissão grega – pese embora o voto
de confiança que deu há pouco ao seu governo e pese também o excelente combateque tem travado o seu primeiro-ministro – a insubmissão grega (tão grega,
graças a Deus) é uma pressão imprescindível e favorável. E pode passar à
rebelião a qualquer momento. O desencanto italiano pode, de um momento para o
outro, despertar coisas parecidas (muito embora os governos regionais possam
resolver muitas coisas e por aí viabilizar a vida quotidiana à margem das
crises do Governo Central). A tugária - coio de corja inqualificávelmente
imunda escorada na ignorância, nos cortes de informação, e compactuando na
gestão comum, embora instável, dos inqualificáveis segredos que a unem e
dividem - a tugária é talvez o lugar mais favorável a uma tal explosão, até
porque, à imagem da situação tunisina, é o lugar onde ninguém tem voz. Há é certo a contestação “encenada” pela “concessão” do estatuto de contestatário
oficial . É o caso de sindicatos quase mortos e advogados a representar o papel defensores de
direitos humanos, como se isso fosse possível na imunda corporação que os contém
e polícia com critérios de polícia política,. Neste detalhe sublinha-se que se vai ao ponto e levarem a condenação
disciplinar uma citação de Norberto Bobbio. O subscritor desse repugnante texto, mais condenável que condenatório, usa por nome a designação blasfema de "Manuel Cordeiro". E há-de encontrar a justiça numa esquina à qual
desde já fica entregue. E só na tugária há a necessidade de discutir em
publicação clandestina, como esta. Só na tugária a corrupção significa a
imediata pobreza da população, o seu sacrifício sempre desmedido, a falta de
educação (mascarada depois com coisas que nada significam), a ineficácia dos
aparelhos de saúde, a falta de habitação, a fragilidade da vida que enche as
ruas de homens e mulheres com fome e sem-abrigo e que há escassos meses ainda tinham
emprego e família. Isto é a tugária. E nem vale dizer que não há pena de morte
na tugária, porque isso é uma tão fórmula vazia como todas as demais. A polícia
e a guarda prisional sempre mataram quem quiseram matar, com toda a liberdade.
E pode-se ir parar à cadeia (ficando ao alcance da execução extra-judicial - por
alegar tortura em defesa dos Direitos Humanos), já que nenhum juiz ousa recusar
essas condenações por “injúria qualificada” em razão dos temores de carreira
que o vinculam à “jurisprudência dominante”. Ocorre que os condenados podem não
ter dinheiro para pagar as multas e ficam portanto ao alcance de tudo... Resta
ver se do ponto de vista jurídico pode essa gente, que tais coisas perpetra, ser levada ao pelotão de fuzilamento,
ou ao garrote vil. Do ponto de vista do Direito dos Homens, não. Mas eles excluíram-se
do Direito dos Homens, porque excluíram todos os outros do Direito dos Homens. E
Direito que não se aplica é direito que não há. É o mesmo não haver Lei ou não
a aplicar. Os religiosos virão dizer-nos que resta o Direito Divino. E do ponto
de vista Vétero Testamentário ou da Sharia as soluções para esta gentalha são
de uma evidência gritante. E, sim, são libertadoras. Embora tremendas, não nos
surgem desproporcionadas face aos crimes em presença. A esta luz, o garrote vil
não é aplicável. Mas a lapidação é. A eventual vitória de uma Revolução não nos evitará debates muito crus, como bem se vê. Um ponto de debate parece poder avançar-se desde já .Esta gente vive sob todos os poderes, mas ninguém sobrevive sob o poder deles. Importa que ao menos uma vez se tente fazê-los desaparecer? Diriamos que sim. Como? Discutiremos depois de os termos no cárcere.
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