Hamid Karzai é uma figura mais simpática do que o papel que tem desempenhado. Poderia ser um homem de Estado, se ali houvesse tal coisa. Poderia ter dado um óptimo primeiro-ministro do Rei, mas o Rei recusou o papel de fantoche das forças de ocupação. (É frequente os reis terem algum respeito pelos seus povos). Karzai deve estar fatigado por ser presidente de uma ficção. E fez uma coisa estranha: ameaçou o Paquistão com a violação de fronteiras pelo “seu” exército (o “exército do Afeganistão”), como retaliação pelo santuário que o território tribal do Paquistão tem oferecido aos talibã. É difícil imaginar maior tolice. Primeiro porque naquele território mandam realmente os que lá estão. O exército do Paquistão só lá tem entrado no enquadramento de operações de vastas proporções mas de duração restrita e objectivos limitados. Karzai imagina, parece, poder fazer mais do que isso. Adiantará lembrar-lhe que perderá o que tem, sem ganhar o que quer? O território da FATA (Federally Administered Tribal Areas), como o nome o indica, tem um estranho estatuto, porque, como a história o ensina, logrou resistir a poderes mais significativos do que a ficção à qual preside Karzai. A imprensa dos países comprometidos na ocupação não deu até agora nenhuma importância ao que promete ser um verdadeiro desaire. Felizmente, a Al Jazeera existe. (Como tudo era diferente sem este admirável Emir). Agora Karzai ou cumpre, ou não cumpre. Em qualquer dos casos, Karzai mudou de fase. E a História desta ocupação militar também.
Sunday, June 15, 2008
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