Sunday, June 22, 2008

O Estupor da Velha e o regresso dos capões

Terminado o Congresso do "PSD" "português", podemos dizer que se tratou de mero rito assinalando o regresso dos capões. A velha deixou claro (do alto do terço do partido que a elegeu) que não reconhecia a luta de classes dentro do partido. Para ela não há oposição entre as “bases” e os “barões”, tudo se saldando – por consequência, não? - numa coexistência (demonstradamente precária) entre patos e capões. E eles lá desfilaram, com a pose de manequins de alfaiate de bairro, aclamados por ânsias sem léxico. Querem “recuperar a confiança do país”. Poderia haver aqui um problema se ainda houvesse país. Mais do que uma via estreita, aqui também o léxico é estreito. Veio um chorrilho de lugares comuns à pose do “discurso de estado” (veja-se o grotesco da coisa). Tudo se confirma. Nada de quanto foi dito significa coisa nenhuma, começando pelo facto de boa parte das coisas ditas contrariarem as coisas feitas (o alívio da carga fiscal é muito engraçado na boca do estupor da velha, por exemplo). Mas de tudo há uma sólida conclusão, clara como a água: a megera não apresentou um programa, nem verbalizou intenções, nem formulou posições. A megera disse que havia de ir à procura das ideias com que a política se faz. Nisto vem o drama do conservadorismo ibérico. Os desgraçados, com efeito, porque lhes tem sempre bastado a intriga, a violência, a “autoridade” (como dizem) não têm nada dentro das cabeçorras. Mas a esquerda oficial ibérica (cujo engenho se aguça – mais mal que bem - pela necessidade de sustento diário daqueles que diz representar) não está em situação muito diversa. Em todo o caso a Espanha aguenta. Portugal não. “Já deixou de existir”, como dizia Napoleão. E o estupor da velha - naquele rito mecanicamente celebrado - demonstra bem a indigência intelectual própria das inviabilidades.

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