A retoma do controlo da América Latina foi iniciada com o Chile, onde a posição de Michelle Bachelet foi varrida, não obstante esta manter índices de popularidade semelhantes aos de Lula da Silva em finais de mandato. Essa retoma contava – embora de modo pouco entusiástico e admitindo a derrota - com o Brasil. O esforço foi intenso. E falhou. Importa medir neste clamoroso falhanço o peso varrido do papismo local, uma das forças regressivas (ali claramente tão mercenária como qualquer das outras) e que sustenta uma divisão artificial da opinião pública “ao meio”, manipulando a execranda rede paroquial, também ela em recuo graças ao avanço do protestantismo e, até, da Ortodoxia. Também o papismo fez seu este combate. E perdeu. Porque Deus existe, bem entendido. Mas os homens devem tratar politicamente o que é estritamente político. No maior país papista do mundo - segundo a reivindicação oficial dos papistas - esta é uma derrota a registar. Para o ano será a vez do teste argentino. E depois o regresso à Venezuela. Isto mesmo o disse Chavez, hoje mesmo. A ALBA incomoda muito, porque transfere o centro político para as posições de Bachelet, Lula e para o peronismo aggiornato e sociável dos argentinos. E é um centro que funciona bem. Ou seja, não é redutível ao servilismo perante os USA. É preciso ir seguindo o processo com atenção, porque é seguramente uma das condicionantes de um novo equilíbrio do mundo. E é também uma das componentes que pode alterar o papel da Península Ibérica no contexto global. Não apenas pelos laços de Língua e Cultura. Isso só releva no espaço do Castelhano e em relação a Espanha. Não já em relação à tugária cuja língua é espaço de cultura, liberdade e vitalidade intelectual, mas apenas graças aos outros lugares onde é falada (da Galiza ao Brasil). A relação do tuga com o Brasil é a do indigente à porta do empregador plausível. Mas o factor decisivo é que mesmo a navegabilidade do Árctico deixa fora da rentabilidade dessas rotas este espaço Latino-americano cuja ligação ao centro do mundo deveria fazer-se através da Peninsula como caminho mais óbvio. Não necessariamente através da tugária (que nada faz e nada logrou fazer nunca, nesta matéria ou noutras). Pode ser através de Vigo ou Huelva. O inicio e o fim de todas as vias férreas da Europa (para usar a expressão de Oliveira Martins) pode bem ser integrado por estes dois terminais. É preciso seguir o processo Latino Americano com atenção. Ele pode até dar ao Espanholismo um novo alento face à nostalgia europeio-aragonesa dos Catalães e face ao ressurgimento das reivindicações naturais de todas as nacionalidades históricas da Península, onde só a tugária está em declínio, tão merecido como aparentemente irremediável.Os vectores nacionalistas (de direita) ou patrióticos (de esquerda), no contexto da tugária, reúnem hoje todos os requisitos para protagonizarem, proximamente, uma tragédia ou um milagre.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment