Na patética posse do patético Cavaco, notámos as domesticidades, designadamente aquela da velha (que em tudo lhe corresponde) armando ao maternalismo e acariciando a criatura com o chispe grosso, em público, como se a criatura fosse uma criança. E como se a criança se tivesse portado comovedoramente bem para as suas limitações. Uma única nota nos merece aquela patética infelicidade: o problema da política portuguesa, desde Salazar, foi a domesticidade extrema a que nenhuma dignidade de Estado resiste, ou pode resistir. Com Cavaco há nítida evolução. Passámos a ter a caricatura da domesticidade. Terrível. Caricatural, também, foi o discurso. Aquela peregrina ideia de dizer " não se conformem" é extraordinária. Fez apelo ao inconformismo da "sociedade civil", imagine-se. Isso demonstra, claro, que a criatura não tem ideia do que seja a sociedade civil. E estranho seria se a tivesse. Evidentemente. A criatura jamais leu Kant. Como aliás boa parte das bestas que falam, na tugária, em "sociedade civil". Ouviram a coisa algures. Soou-lhes bem e vai de asnear, que assim como assim ninguém nota nada. É cómico. E dramático. Não se sabe se deve acordar-se a criatura à tapona, se ensinar a criatura. (Este é o cerne do drama). Que grande besta. O prócere do regime da Casa Pia quer inconformismo? O libertador e interlocutor de todas as máfias quer inconformismo? O factotum dos pedrastas papistas quer inconformismo? Não pode saber o valor do léxico que usa, esta desgraçada personagem. Inconformismo traduz o facto de mais de 53% se terem abstido nas presidenciais. O regime de Cavaco perdeu a legitimidade. Ora, nem de propósito, contra as bestas desta desgraçada personagem, mais as das outras personagens desgraçadas, sairam à rua os da geração contra ordem. À rasca. Claro. Porque "à rasca " quer dizer aos gritos. Não gritaram ainda grande coisa, os manifestantes. Mas o primeiro teste está passado. Logo vieram as bestas dizer que isso era a resposta ao "apelo" de Cavaco. Algumas das bestas, designadamente as juvenis, vieram colar-se à manifestação. O desgraçado da juventude cavaquista, por exemplo... Adoram colar-se. Foi coisa que o papismo os ensinou a fazer e eles fazem sempre. Quando alguma coisa dá para o torto lá vêm os desgraçados a dizer que "também estiveram". Que "sempre disseram". A´s vezes resulta. Outras não. Já Ceaucescu se imaginava apoiado pela multidão que o vaiava. (A própria multidão eventualmente o imaginaria, que ali ninguém convocava manifestações que não fossem do partido e todavia. a coisa deu mesmo para o torto). Cavaco não representa sequer metade da metade do colégio eleitoral. E a geração contra ordem é quem não está e não pode estar, nem quer estar, com esta gentalha. O que acontecerá a esta gentalha é outra coisa. Mas a menor das coisas. O destino desta gentalha deve ser-nos tão indiferente, como o nosso destino foi indiferente à gentalha. E esta escumalha deve ser deixada em situação de não fazer mal a mais ninguém. Seja a nova era a idade onde as pesoas normais possam falar normalmente. Sem os textículos do "incontornável" e "sustentado" atraso mental que o execrando papismo enraízou nas minutas, formulários e sebentas. Em todo o caso, o primeiro teste está passado. Os mecanismos funcionam. Agora é aumentar a pressão.As lojas da Opus, as capelas pretensamente maçónicas e as sacristias-bordeis, mais os sinédrios do futebol com magistrados e as procuradorias e ordens e supremos de toda as naturezas - e nisto se federaram todos os mecanismos de corrupção - deve ter um fim compatível. com a natureza das coisas Tudo isso já iniciou a descida para o contentor de lixo. Supremos, só de frango (para quem goste). Viva a crise. Nem vale dizer que os manifestantes reivindicavam "apenas" a possibilidade de viver normalmente. A impossibilidade da população viver normalmente é a demonstração da inviabilidade política. Nada a criticar, portanto. Está muito bem. O resto virá por si. E a recuperação de metade - bastaria apenas metade - das verbas sumidas pela corrupção nestes últimos trinta anos basta para resolver todos os problemas, compreendendo os do alojamento carcerário perpétuo da escumalha de cujo varrimento se trata. As verbas sumidas pela corrupção e pela inépcia (que diante dela ajoelhou na mais vil cobardia ) significam que teria sido possível duplicar o investimento público ao longo deste tempo e sem déficit. Esse foi e é o preço da corrupção neste território. O fim adivinhado tem de ser, em tudo, conforme à natureza das coisas e, portanto, essa conformidade é exigível também quanto ao modo.
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