A UA protesta. Os estados da ALBA protestam. (A Líbia não está internacionalmente isolada). É interessante
esta ONU que exclui dos membros permanentes do Conselho de Segurança
continentes inteiros. África é um deles. A Líbia tem os melhores resultados de
África na educação, na saúde, como na Politica Social de promoção das populações e
dispunha de recursos riquíssimos e bem assim de acesso a vastos meios
financeiros, destacando-se os fundos (pilhados) de 200.000 milhões de dólares
em bancos americanos e europeus (ingenuidade que o Governo Líbio pagará cara).
Intervinha até em apoio de alguns projectos da CIA, como elevar o sarcoma
húngaro à presidência francesa (o que a França não lhe agradece e a Líbia
lamenta, como aliás o próprio Kadafy). Fidel publica um memorandum interessante
sobre mais esta imunda intervenção militar. A Líbia declara-a (com a UA)
alheia à legalidade internacional e violação da Carta. Com toda a razão. A
França e a Inglaterra mergulham numa guerra que não podem pagar, aliviando os
falcões dos USA que estão, nestas matérias, desautorizadíssimos perante a
própria opinião pública. E desta vez a campanha de intoxicação pela imprensa
foi menos intensa, ainda que eventualmente mais cara. Menos eficaz, também. A
TELE SUR mandou a sua própria gente aos locais por impossibilidade de confiança
nas agências internacionais de notícias e realmente as informações que
transmite são muito diferentes. A Liga Árabe deixou-se instrumentalizar por
falta de espaço de recuo diante do cliente principal do seu petróleo.
Eventualmente, até, mandarão um contingente militar. A Rússia tornou-se
francamente mais crítica do que o tinha sido. Como a China. E pronuncia-se por um cessar fogo
imediato. A Rússia não tem de proteger o “ocidente” contra si próprio, dos
disparates em que este se arruína, mas deve solidariedade às vítimas. A mesma
lógica assumirá a Alemanha face ao idiota Francês, ou ao cretino Inglês. Os alemães não têm
de os proteger contra si próprios. E talvez não lhes paguem as contas.
A Turquia, ela própria, também não tem obrigações dessas. E tanto bastou para que a OTAN, enquanto tal, não possa intervir. Kadafy proclama que o Norte de África se tornou, inteiro, um campo de
batalha contra projectos de natureza colonial. (Não é só o Norte de África, acrescente-se).
Mas tem razão. Os idiotas dos USA/OTAN aplicam nitidamente uma política de ocupação militar como forma de controlo directo sobre as fontes de matérias primas. Sempre esperando que a vítima pague o esforço correspondente. Tal como na ocupação colonial. Igualzinho. Kadafy tem, portanto, toda a razão. Na Síria, a CIA deu início às movimentações “sociais”. Logo se verá com que
resultado, porque o governo da Síria é um campião no que à tolerância religiosa
e preservação das liberdades comunitárias respeita. Produto acabado da
habilidade diplomática dos nuzaris, com séculos de presença eficaz. É o
primeiro orgulho dos Sírios e talvez o último estado laical a funcionar bem na
região. Não estamos de acordo, em todo o caso, que a situação militar se traduza
numa desgraça necessária para a Líbia. A guerra é em si própria uma desgraça.
Mas a derrota não se obterá por meios aéreos ou bombardeamento por mísseis. Vai
ser necessário ir lá. De carro e a pé. Eles contam que essa infantaria seja constituída pelos "rebeldes". (Estão doidos). E não é de excluir que os próprios
líbios façam aparições em Inglaterra, França e Itália. Aí sim, forçando a OTAN a intervir enquanto tal. Os povos que sustentam a OTAN devem ser confrontados com o perigo que esta representa, porque não assegura por nenhuma forma qualquer paz e garante a guerra por todos os meios. Achamos até que os líbios deviam atacar a norte com a ostentação (possível) das suas fardas, da sua bandeira e dos seus
estandartes de unidade. Actos de guerra sem declaração devem ser objecto de posições claras por parte da potência agredida. Não está excluído, até, que alguns insurgentes contra
Kadafy se demarquem do assalto estrangeiro contra a sua terra e
unam esforços com o rival da véspera pela liberdade e dignidade da sua terra. E
Kadafy fez o que nenhum déspota faria ou poderia fazer: mandou distribuir armas
aos civis para que combatam pela sua terra. Em cada membro da população, os
cães da OTAN devem encontrar um inimigo. Evidente ou dissimulado. Isso
parece-nos dever ser assim. E sem qualquer motivo para que não o seja. Quanto a
Sarkozy, pensamos modestamente que tal criatura deve ser entregue pela nobre
França a Kadafy, para ser julgado por crimes de guerra nos tribunais líbios.
Afinal de contas Kadafy pagou-lhe a campanha e tem todo o direito a pedir contas ao venal húngaro. Quanto a tudo o mais pode bem instalar-se a lógica do “olho por olho”. Se um Hospital foi atingido em Tripoli, como modo de "atingir a moral da rectaguarda", (doutrina que os USA sempre aplicaram) pode bem ser atingido um outro em qualquer país da "coligação".
Eventualmente, uma clínica de “grande luxo” hoteleiro, ou de práticas
usurárias de gestão. O Hospital da Luz e o Hospital dos Lúsíadas são também alvos
possíveis, pela economia de meios, pela exposição óptima e facilidade evidente.
Mas talvez a Clinica Malo esteja simbolicamente mais bem posicionada. Há violências cuja repetição apenas se evita respondendo-lhes à letra. E Kadafy sabe bem que o espera uma morte ignominiosa em caso de derrota ou aprisionamento. Não espanta que esteja disposto a morrer em combate. Como não espanta que esteja disposto a dar aos chefes inimigos a morte que sonham para ele mesmo e foi (para vergonha nossa) a morte de Milosevic, a morte de Ceaucescu, a morte de Sadam. Meros assassinatos, com a encenação grotesca e imperdoável de processo e julgamento. Mas quem quer a guerra não pode pedir metade dela. Kadafy tem duas grandes vantagens: pôde estudar a conduta dos agressores em casos prévios e enfrenta-os em momento de restricção de meios e fraqueza óbvia. Que a bravura dos cavaleiros do deserto brilhe de novo. E a vitória lhes sorria. E que a Justiça, nossa senhora, chame e trate cada bravo pelo seu nome.
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