Wednesday, March 2, 2011

LEVANTAMENTOS LÍBIOS E PETRÓLEO



Ostentando o seu profundo desprezo pelos insurgentes,  Khadafi terá apesar de tudo (segundo seu filho Safir el Islam) ordenado que se não disparasse sobre a multidão. Com subvenções familiares de 300 euros mensais, em caso de necessidade, a população de Tripoli vive sossegadamente estes dias e o ordinário papista do lugar faz uma curiosa crónica da crise. A CIA lança-se visivelmente ao assalto da Líbia. Mas Khadafi combaterá e morrerá como um beduíno, na opinião do (aparentemente compassivo) ordinário papista em Tripoli. Aparentemente, os ocidentalistas líbios compactuam com um futuro próximo parecido com o presente do Iraque, do Afeganistão ou do Paquistão. (Sendo certo que os USA "só querem" o petróleo que até aqui têm tido e agora não se sabe se continuarãio a ter). Os radicais muçulmanos conduzem-se de molde a que o futuro próximo se assemelhasse ao presente da Somália. Esta é a perspectiva dos próximos da Khadafi que, sim, tem gente do seu lado. Khadafi continua a ser um chefe e a “revolução” contra ele saldar-se-á, apenas e a manter-se, numa guerra civil. E que revolução seria? Quem no plano da política social fez ou pode fazer mais pelos líbios do que Khadafi? Qual é o projecto político dos levantamentos? É uma revolução ou uma “jacquerie”? Certo, Khadafi é feio. Mas para que nos serviria um Khadafi bonito? Sim, Khadafi é imprevisível. Mas porque haveria ele de ser previsível? Khadafi é violento?...  Depende. Os modelo de líderes pacíficos são os de Cheney, Bush e Rumsfeld ? Aqui não estamos a falar de Ben Ali. Nem de Mubarak. E ainda bem.  Entretanto há quem pense que as novas e canhestras manobras americanas se saldarão a curto prazo num aumento do petróleo para 150 dólares o barril. A previsão está longe de ser fantasista. E o reforço que isso traduziria nas posições de Chavez e da Rússia (para só pensar em duas posições interessantes no contexto internacional) seria fabuloso. O aumento de peso económico dos regimes instáveis de África e a afirmação internacional do Brasil cresceriam exponencialmente. Em todo o caso seria a decadência americana a acentuar-se. E uma nova vaga de crise financeira e económica. É impossível que eles não vejam isso. Mas tudo se passa como se o não vissem. A tugária, neste contexto, pode preparar-se para viver da venda de soldados baratos. Mas deve ter cuidado no modo como os negoceia. Também na tugária pode haver imprevistos (assim o consinta Deus, o Clemente). E é bem natural que os haja.

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