Assim vê a esquerda italiana oOGE de Portas e Coelho. Como vendetta das classes dirigentes desafiadas em 74/75. Pensamos que não será completamente assim. Há vendetta. Mas é a dos filhos dos pequenos funcionários salazaristas e, alguns deles, coloniais. E esses têm-se em elevadíssima conta, porque, a seus olhos, tudo lhes é possível já que “ascenderam” (e, aí sim, como serventuários, coisa que às vezes esquecem) além de todas as expectativas. Teixeira Pinto esqueceu-se desse detalhe, por exemplo. Duarte Lima também. E até Dias Loureiro. Como Horta e Costa. Como os Penedos (pai e filho). A situação é mais interessante e mais matizada do ponto de vista sociológico. As “classes dirigentes” ou “possidentes” não se dão ao incómodo de vir governar ou dirigir directamente. Não têm essa consideração pelo Estado que é para eles coisa meramente instrumental. Nem qualquer amor pelas gentes do país (costumam até ter relações familiares perturbadas; nem dos filhos gostam e nem os pais suportam). O que se passa é isto. Os “processos criminais”, “por corrupção”, são formas de despedimento dos engraxadores. Aqueles a quem, no passado (como a estes, no presente) foi concedida a ilusão do mando para divertimento dos arcontes. Orçamento de vendetta, apesar disso?... Sim. Evidentemente. Porque, como toda a gente rasca, as criaturas imaginam que, tendo saído da obscuridade dos mil euros por mês, essa saída se deve aos seus “méritos”. E olham para quem ali ficou como se merecesse ali estar. O esmagamento é, para eles, repôr "a ordem" das coisas. Acham que as regras do servilismo são a méritocracia. E isso será apenas corrigido quando forem remetidos a processo criminal por corrupção (evidente), porque também eles patrimonializam a sua posição (já quem os pariu o fazia). Olham a posição que ocupam como coisa sua. E a "corrupção" é, para eles, privilégio natural da posição. Eles não são parvos. Acham-se até muito inteligentes. Estarão sempre a jeito, portanto, para uma nova vaga de despedimentos de engraxadores (que é o que nunca deixaram ou deixarão de ser). A receita tanto se aplica ao sistema político, como ao financeiro. As acções do BCP a dez cêntimos têm também esse significado fundamental. Só a rebelião pode pôr termo a este sinistro divertimento dos arcontes. E é provavelmente isso que ocorrerá. Só a rebelião os deixa apreensivos. E só ela os destruírá.
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