Sunday, March 7, 2010

O JUMENTO

O ditado popular em cujos termos as vozes de burro não chegam aos céus, traduz um país profundamente descristianizado. O jumento foi na verdade a montada preferida pelo Divino Mestre na entrada em Jerusalém. E revelou-se um sábio. Atapetadas as ruas com folhas de palma foi o burro quem pisou esse tapete e nem por isso se convenceu que aquilo era feito para honra sua. Caminhou pois entre aclamações. Com a serenidade de quem levava - e levou - o Cordeiro ao Altar do Holocausto. O zurrar dos burros é pois e seguramente ouvido nos céus. Fez bem o funcionário das Finanças em escolher o jumento para instrumento da sua liberdade de palavra. Não foi, como bem se vê, o primeiro a fazê-lo. E o estupor da Opus que decidiu persegui-lo (Paulo Macedo) fez evidentemente o mal que lhe foi metido na massa do sangue pela pedoclastia papista que o gerou, promoveu e projectou. Mas essa perseguição foi inútil. A Google não deu o IP. E pronto. A Google fez o bem que lhe está na estrutura identitária. Arquivado o processo, procedeu-se na tugária às indagações próprias dos serviços de inteligência (um tanto doméstica, um tanto bacoca, mas sempre intensamente sórdida). O Jumento foi traído por alguém próximo, por violação de um mail e a gentalha jornalística tratou isso como se fora um escândalo. O pobre autor ficou a vomitar. Mas esta gentalha não tem vergonha nenhuma. Já tínhamos uma "imprensa" que era um boletim oficioso da polícia. Uma imprensa onde há um conjunto de moços de fretes do Ministério Público, às ordens para qualquer violação do segredo de justiça que ali se pretenda. Uma imprensa onde há um conjunto de moços de fretes disponíveis para estarem às ordens de qualquer coisa (em bom rigor). Ainda não tínhamos percebido que havia uma imprensa com delatores virados contra a liberdade de palavra. Sabíamos que havia várias polícias políticas. Mas ainda não sabíamos que isso era possível. Este acréscimo de conhecimento agradecemos ao jumento. Esperando que a gentalha que a tal delação política procedeu não volte a ter quem lhe compre aquele jornal. Aquilo não pode ser mais do que é. E isso que é não merece um tostão, ou um segundo. Parabéns ao jumento. Ad moltos annos!

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