Mais um. Robert Hawkins. De tempos a tempos somos informados que um homem, ou uma mulher, decide morrer matando. A imprensa sublinha a loucura. E a situação é sempre a mesma. Não se vê diferença entre Hawkins e o homem (com um DEA em História) a dizimar os membros de uma assembleia de município em França. A dizimação romana: coisa de historiador, parece. Também houve o rapaz coreano e bastante marginalizado na universidade americana onde estudava. E um estudante do secundário na Alemanha, expulso da escola. Já há casos suficientes para uma estatística. Os analistas sublinham, nisto, o contexto depressivo. Ou a falta de esperança. E os conservadores pedem “segurança”. Tais coros não anunciam, nem revelam. Escondem. Os coros têm o papel invertido, nestas tragédias. Não há segurança possível diante de nenhum homem a quem se diz (ou se mostra, coisa pior) que “nada vale”. Isso será sempre dizer-lhe que só a morte vale alguma coisa. “Agora vou ser famoso”, escreveu Hawkins. Ia representar o papel que dele se esperava, com a certeza de que o faria bem. No lugar da chacina, havia música de Natal em fundo. O cenário estava montado. E o guião, pronto. Só faltava o desempenho. Hawkins não teve dúvidas nisso. “Agora vou ser famoso”. E tudo indica, realmente, ter correspondido às expectativas no papel que lhe foi distribuído.
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