A Berlusconi il PUTTANIERE – como lhe chama um comentário “on-line” – não lhe agradam especialmente as confusões de géneros e de papéis. Isso entende-se. “Na RAI trabalha quem é de esquerda, ou quem se prostitui”. É cruel. Mas os portugueses conhecem menos-mal este fenómeno (que a esquerda nunca geriu bem na RTP, mesmo quando havia esquerda). Ou porque há uns desgraçados cuja vida sexual começa, parece, com a primeira promoção, ou porque há umas senhoras para quem “estas coisas” são “naturais” (e aparecem invariavelmente íntimas de quem tem a decisão ou a influência suficiente para as manter na pantalha), ou, ainda, porque a prostituição ideológica – incapaz de se confundir com qualquer evolução de opiniões – também determina sobrevivências desta natureza. A Itália não é Portugal. Mas algumas vacuidades têm consequências comuns. As mesmas causas, em circunstâncias próximas, têm efeitos parecidos. A situação aqui não está especialmente melhor, mas pelo menos vai havendo uma ou outra senhora que se vai apresentando como mulher normal. Não são, em todo o caso, quem está em maior destaque. Isso devia ser resolvido. Sem urgência. Mas alguma vez terá de resolver-se isso. A SIC notícias merece homenagem por ter trazido às emissões umas presenças femininas bastante dignas, sem tiques, sem mostrar as mamas a despropósito de quaisquer eleições e sem abanar a cabeça pintada de amarelo, entre sorrisos parvos, diante de entrevistados complacentes (a aturar-lhes discussões, muitas vezes e em tons surpreendentes). A SIC fez aqui alguma coisa. Com força de modelo. Talvez o resto se vá resolvendo por si. Quanto à fúria de Berlusconi, os links fornecem a informação suficiente. Está zangado por lhe terem escutado e publicado uma conversa telefónica. Também isso se entende. Mas na vida pública a prudência e a lucidez não são dispensáveis em nenhuma circunstância. Sobretudo em conversas telefónicas. Quanto à prostituição – sem moralismos – há seguramente sítios para isso. E fora dos serviços públicos de televisão.
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