Thursday, December 27, 2007

A INANIÇÃO E O DESFECHO

A população portuguesa começará a diminuir a partir de 2010, dizem eles. E em meados do século haverá menos um milhão de portugueses. Estão doidos. Se têm saído mais de 100.000 portugueses por ano (número – oficial - que pode aumentar a qualquer momento e que deve estar calculado “em baixa”) é evidente que há um milhão a menos, dez anos depois de iniciado o êxodo e não “em meados do século”. Depois, a população já diminuiu. O território está com taxa de natalidade negativa desde 1980 (em 1981/2, começaram os primeiros discursos oficiais de alarme). Vinte anos depois, o Ensino Superior sofre, em cheio, o embate da baixa de natalidade dessa época. E eles acham que a população vai baixar em meados do século (!)… Atrevem-se mesmo a dizê-lo. Imagine-se. A verdade é que os últimos trinta anos representaram, no plano demográfico, o papel de uma catástrofe. O território estava a caminho dos onze milhões de habitantes em 1974, reforçados por um milhão de regressados de África em 1975. Com esta referência, em 1990 os números acusavam uma perda de perto de três milhões de pessoas. Marrocos, com a mesma população em finais dos anos 70 (do século anterior, claro), conta hoje com trinta milhões de habitantes. (E eles dizem que a população portuguesa vai baixar em meados do século). Lisboa contava com 430.000 habitantes em 1910, hoje a mesma Lisboa (sem truques de “grande Lisboa”) conta 250.000 na última contagem (a mesma população que havia no séc. XVIII, embora haja agora menos livrarias). E eles acham que a população vai baixar em meados do século. Os números de residentes e os números de nascimentos contam hoje com o reforço da presença dos migrantes africanos e europeus, permitindo isso disfarçar - com eficácia - o problema em presença. Mas é só um disfarce. Em meados do século – se ainda houver território, Língua própria e governo próprio, o que se não dá por demonstrado - este território, como o conjunto da Península Ibérica, será uma extensão demográfica da África do Norte. Isso está mais que estudado. Mais que visto e mais que dito. (E a coisa será talvez mais intensa aqui do que nos outros sítios, porque este é o território politicamente mais frágil). Tremendo é que a vida dos autóctones melhorará previsivelmente com isso. Mesmo em caso de ocupação – que talvez não seja necessária – nenhuma potência ocupante trataria pior os autóctones do que eles são tratados pelos “poderes próprios”, da “independência nacional”. Ninguém trataria, (ou tratará) pior, porque isso não é materialmente possível. (Nem sequer concebível). A Casa Pia, por mero exemplo, seria tratada como um insulto a Deus e à Dignidade do Rei (de Marrocos, bem entendido). Nada pioraria, pela certa. Pior é impossível. E Armando Vara, Santana Lopes e até o Dias Loureiro, podem bem terminar os seus dias - embora talvez sem uma mão e, porventura, mais qualquer apêndice a menos - como muçulmanos virtuosos. (Não deve descrer-se da natureza humana). E um filho do Meneses será sulista, elitista e liberal. (E terá um cão chamado Adão e Silva e outro chamado Pedroso).

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