Neste dia uma depressão própria das grandes catástrofes abate-se sobre as cidades do território português. Na véspera, a classe média sustentada pelos rendimentos do trabalho foi compelida a um dispêndio disparatado, augurando um mês de Janeiro longo e difícil, sob o constrangimento de um sentimento de culpa, ou inferioridade. Mas, logo após a famosa noite de sorrisos das crianças (quando as há e até isso começa a não ser frequente), a população fica privada dos lugares de convívio. Cafés e restaurantes fecham. Centros comerciais também. Tudo quanto funcionava foi abandonado. E se nos maiores centros urbanos uma parte da população tem logrado pôr-se em fuga atempadamente, isso só contribui para a imagem da cidade vazia. Parda. Mal tratada. Feia. Punida. A padralhada de Ratzinger – e o próprio Ratzinger - arengam, flácidos, repetindo as minutas quanto ao transcendente significado deste dia, feito tão desagradável como a própria presença deles. Terrível coisa. Assim se vê o peso da mal disfarçada religião de Estado. Não é um peso social. É um peso morto. E um peso que mata. Visivelmente. Como sempre aconteceu e em tudo. Até nisto. Há aqui um toque de Midas invertido. Tudo quanto tocam, fica assim.
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