Enquanto a União Europeia procura remendar a crise grega, em ordem a travar a tentação da confederação dos Estados dos Balcãs, os USA e a OTAN parecem apostados em travar militarmente o declínio americano, em parar pela dissuasão militar o novo pólo económico de desenvolvimento, visando, parece, obstar pela guerra, ou pela ameaça dela, à (geograficamente evidente) unidade eurasiática. Usam o pretexto do Afeganistão e do Irão. (Há até quem pense que a presença do Sheik Ossama é simples invenção da CIA). Repartem custos com os estados vassalos e aliados. Acentuam o cerco militar da Rússia - continuam a querer por-lhe misseis a vinte Km da fronteira Ocidental - e estendem o cerco à própria China, que provocam sem pudor nem medo, na esperança – que é em si mesma uma loucura - do enfraquecimento pela secessão territorial e, nem sequer discretamente, estimulam essas perspectivas quanto a Xiang Jiang e ao Tibete, porventura sonhando já com a Manchúria. Na Europa, fazem os USA questão de sublinhar o seu papel na segurança europeia. E usam a subalternidade e fragilidade da Roménia e da Bulgária para ali instalarem parte do seu escudo de mísseis (falhado o projecto ucraniano) e aí obtiveram uma imprudente – e seguramente precária - anuência de governos que nem receberam mandato eleitoral para tanto, nem têm a legimidade política que ultrapasse a de uma mera fracção, conjunturalmente mais votada, é certo, mas que não basta para comprometer os seus países com tal perspectiva belicista. Uma tal guerra, como a que ora se giza, traduz-se em derrota certa, com abertura de novas frentes e sem qualquer possibilidade, remota que seja, da disponibilidade de recursos financeiros para tal aventura. Talvez seja, por isso, um (dispendioso)"bluff". Mas a resposta não pode sê-lo por ser resposta às inquietações semeadas. Terá Obama nesta ofensiva o simples papel de um lubrificante? Tudo indica que sim. Mas até isso parece estar ressequido. O Tratado Start dificultou-se. A Rússia alterou em conformidade – e em velocidade record – a sua doutrina militar, acelerando a prossecução do re-armamento e intensificando, com o vigor da urgência, os contactos com os seus aliados que perderam qualquer possibilidade de cepticismo perante a conduta da OTAN. E a população russa sente isso como um projecto prioritário. A evolução recente da situação na Bósnia com preparativos de avanço militar sobre Banja Luka é parte integrante da reiterada provocação à Rússia. Vamos ver, primeiro, se os USA conseguem evitar a falência financeira, objectivo para o qual dependem em muito da boa vontade chinesa. Sem dinheiro eles não têm fidelidades. E não está excluído, como desfecho de uma vitória no plano das relações externas, o ingresso da Rússia na OTAN. Isso transformaria a Aliança na inutilidade absoluta. Mas, por enquanto, aquilo é uma inutilidade muito nociva e muito perigosa. Operacionalmente dirigida por gente francamente estúpida, saída de uma geração que não conheceu a 2ª Grande Guerra e não tem suporte vivido a permitir-lhe uma noção plausível de coisa análoga.
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