Pode a corja do governo juntar-se com jornalistas num restaurante e falar em alta voz de um qualquer cidadão – que identificam - como se a vida quotidiana desse cidadão fosse um problema? Pode isto ser assim? Na tugária tudo pode ser assim. É um pouco como os desembargadeiros no restaurante a discutirem em voz alta processos pendentes da (sua) decisão, ou a falarem mal dos colegas ausentes. Também não pode ser assim. Mas é. A primeira pergunta, a mais espontânea, visaria saber a que esgoto foram buscar tal escumalha. De que buraco saiu isto? É evidente que qualquer cidadão identificadamente discutido nestes termos por ministros tugas se sente fundadamente em risco. Igualmente evidente que se trata de risco tuga, trazendo, portanto e por isso, o grotesco à mistura. A partir daqui, tudo depende da posição pessoal da vítima face ao grotesco. Numa primeira hipótese, o grotesco é olhado como produto da fantasia de um péssimo gosto e então pega-se numa folha de papel e escreve-se ao ministro beirão dizendo-lhe, à moda da Beira, que para a próxima se lhe enche a bocarra de caralhetes para que, no futuro, a recordação do incidente o ajude a pensar no que diz, antes de dizer. Outra hipótese, igualmente plausível, é o cidadão assustar-se com os monstros. É legítimo ter medo dos monstros. Sobretudo na terra deles. Terceira possibilidade é o homem contar a história tal como a conheceu, tal como lha contaram. Foi o que fez Mário Crespo. E o Jornal de Notícias não deixou. E o Director de Informação da SIC até veio dizer que a história não era bem assim. Mas saber como foi a história é irrelevante. É inútil dizer que os ministros não disseram exactamente quanto foi relatado. Relevante é que deviam ter as matracas no saco quanto a tais questões, sobretudo insistindo eles, como insistem, que isto ainda não chegou à Madeira. E que fazem os ministros em alegre promiscuidade com jornalistas (embora não com o jornalista visado) a grasnar quanto a tais coisas? Isto ninguém ainda o esclareceu. E o Mário Crespo não conseguiu publicar a história. Embora toda a gente a conheça já. Que fazer?... Há uma reacção para qual estamos sempre a tempo. É editar um jornal em português distribuindo-o a partir da Galiza. Ou de Badajoz. Ou de Huelva. Ou passar a escrever num jornal espanhol. Isso parece fácil. E de Espanha, num jornal em português, pode-se dizer aos ministros que à próxima lhes encheremos as bocarras de caralhetes (que assim o beirão entende) para que, no futuro, a recordação do incidente os ajude a pensar no que dizem, antes de o dizerem. E a corja dos desembargadeiros poderá então discutir o que quiser, onde quiser, que isto não discutirá de certeza a não ser no estatuto de inculpados num Tribunal da Coroa de Espanha.
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