Nenhum apoio a quanto diz Geert Wilders. Mas todo o apoio à evidentíssima liberdade de ele dizer quanto entenda. Porque essa liberdade é radicalmente correlativa à nossa liberdade de o discutir. Como seria triste e pobre o cristianismo senão tivesse sido temperado pelo fogo da crítica e não continuasse a sê-lo. A nenhuma religião é lícito que se furte ao debate. É rídículo imaginar sequer que a inteligência do Criador possa sentir-se melindrada por quaisquer dúvidas das criaturas. E é radicalmente desproporcionado que um alegado homem de fé, sob pretexto de estar horrorizado com quanto ouve, possa lançar o terror – e até a morte - sobre quem dele divirja. Isto posto, Geert Wilders é um imbecil em quanto diz do Islão. Mas isso está longe de ser um crime. E a cretinice não se persegue com nenhuma polícia política. Nem um magistrado deve revestir tais roupagens. Se isto se consentisse, então as fórmulas da Sagração Episcopal onde o bispo eleito repete ritualmente e assume confessionalmente os anátemas conciliares sobre as heresias, essas fórmulas seriam, também elas, motivo de processo criminal. Isto é impensável. Na imunda tugária, por exemplo, há muito esta preocupação de encontrar "os limites" para a liberdade de expressão. Já a nós nos parece que a preocupação deve ser a oposta: é preciso encontrar os limites para estas intrusões que sempre regressam com outros nomes e sempre com os mesmos efeitos. Com a mesma desmedida. E a mesma estupidez. Os muçulmanos na Europa têm de se habituar à ideia de que, eles próprios, foram civilizados pela Grécia e com ela civilizaram a Europa a partir das bibliotecas de Toledo. Isto não tem recuo. Por mais que na Península Arábica a simpática gente se tenha desabituado de pensar assim. Tenham a paciência de serem fiéis a si próprios. E outro tanto se dirá de nós mesmos.
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