Sunday, August 16, 2009

A OTAN falhou todos os objectivos

Uma semana depois da anunciada “grande vitória” traduzida no assassinato de Mehsud, estalou uma luta tribal de grandes proporções entre os combatentes islâmicos no Paquistão. Não obstante, os talibãs do Afeganistão atacaram o Quartel-General da OTAN em Kabul (não foi um qualquer quartel). A OTAN não divulgou o número de feridos entre os soldados da aliança. Seguiram-se as “condenações” do atentado. Muito embora um porta-voz da resistência afegã tenha deixado claro que o alvo era a “embaixada” dos USA no território ocupado, alvo que não pôde ser atingido. A “zona mais segura”, em Kabul, é amplamente penetrável pela resistência. Nada de parecido ocorreu – que nos lembremos - no período da presença militar soviética no território. Os ingleses reconhecem terem ultrapassado ontem o número de 200 soldados mortos naquele teatro (a maioria dos quais em atentado ou emboscada), admitindo-se que isso possa ter repercussão negativa junto da opinião pública inglesa… A OTAN parece ter perdido a guerra (tendo até admitido ceder às exigências de exclusão das mulheres da escolas e trabalho, para dividir os talibãs, mas nem assim conseguiu fosse o que fosse). Sendo seguro que falhou todos os objectivos que se propôs, até agora, tanto na Ásia Central como nos Balcãs e no Médio Oriente. Talvez haja outras prioridades para os dinheiros públicos, sobretudo quando alguns dos estados dos USA abandonaram o financiamento da saúde, assim condenando à morte os doentes de cancro (por exemplo).

ACENTUA-SE A REGRESSÃO PAPISTA

O papismo regride acentuadamente em França com pouco mais de 4% de assistência aos cultos. O núcleo duro é passível de se caracterizar como ”nacional católico” o que traduz a ”presença real” que lhe resta e constitui a sua identidade, não obstante as mil máscaras de que se reveste a hierarquia respectiva desde o Vaticano II. A pedoclastia e as medidas restritivas de JP2 quanto à liberdade de debate, a sua retoma de Leão XIII (designadamente a retoma da repulsiva Libertas Praestatissimum) parecem ter remetido ao livre pensamento boa parte da população francesa eventualmente iludida pelo pontificado de Paulo VI (um informador da CIA, como se sabe e a própria CIA ostenta). Enfim… Nem todas as notícias são más. O papismo vai reduzir-se ao papel de uma tara (repulsiva) de alguns velhos.

CAPTURA PIRATA NO ATLÂNTICO NORTE

“Desaparecido” ao largo da tugária – terra de todas as desgraças – o navio Arctic Sea foi afinal objecto de uma captura pirata. Está claro (no mínimo) o sequestro da respectiva tripulação (maioritariamente russa). Foi anunciada a exigência de resgate de valor igual ao da carga, segundo os dados disponíveis. O Atlântico Norte teria a sua segurança garantida por uma aliança militar e a tugária, ela própria, tem teoricamente uma marinha. Mas à Rússia foram cometidos, tanto quanto o exigem os factos, o dever e a legitimidade para intervir militarmente, de forma directa, nestas águas. De outro modo, o caso não se resolverá. As “potências” da área estavam pelos vistos demasiadamente ocupadas com a pressão militar noutras latitudes para evitarem tal problema. Mas não pode haver pirataria no Atlântico. Isso é claro. Só pode contar-se com a Rússia para resolver este (grave) desafio? Veremos. A marinha da tugária está ocupada com o combate à pirataria no Índico, (segundo a propaganda oficial) motivo pelo qual a pirataria se torna possível ao largo das suas costas, como se vê. Como de costume, os outros correm o risco de morrer a rir de tais criaturas, sem que nestas criaturas se note o mínimo sinal da plausibilidade de morrerem do seu próprio ridículo.

Friday, August 14, 2009

Espantoso Logro

Falhadas as tentativas de provocação militar no primeiro aniversário da guerra defensiva contra o genocídio dos Ossetas e Abcases, falhadas todas as tentativas histéricas do estranho cadáver politicamente insepulto que é Saakachvili, o estado-vassalo deve agora pagar o seu tributo em homens ao novo turco. Os “conselheiros militares americanos” chegarão em Setembro para cobrar as vidas de georgianos destinadas à carne barata para canhão na Ásia Central. Tais georgianos serão destinados ao Afeganistão (informada preliminarmente a Santa Rússia de quem se não esperam objecções). Compreende-se o relevantíssimo interesse nacional que tal coisa reveste para a Geórgia, não?... Terrível coisa. A oposição mantém-se na rua, há meses, a exigir sepultura política para Saakachvili. E a criatura deu uma entrevista à France 24. Corresponde aquilo ao que poderiam ser as declarações de um doente com avc no hemisfério esquerdo. Estivera a criatura viva e ali teríamos a perfeita imagem de um perfeito cretino.

Os bons piratas

Foi legalizado o Partido Pirata do Reino Unido. É um aspecto importante da defesa das liberdades da cultura: o Direito e a Liberdade estão - segundo tudo indica- com estes bons piratas. E, assim sendo, à abordagem!!! Abaixo a carta de corso da grande (e parasitária) indústria. Nota bene: estúpido conservador, tens pago os direitos de autor sempre que cantas o "parabéns a você"?

Vitória da Ortodoxia

SS o Patriarca Kiril I - de acordo com a vontade manifestada aquando da sua entronização - visitou a terra-mãe da Ortodoxia Russa: a Ucrânia. E aí deixou claro que "a Igreja Ortodoxa Russa não é a Igreja da Federação Russa" porque, justamente, é a Igreja de todas as Rússias. Compreendendo a Pequena Rússia, Russénia ou Ruténia, a Rússia Branca e, evidentemente, as terras da fronteira, ou Ucraína (que aqui se diz Ucrânia, sem ninguém perceber porquê). Tal visita sucedeu à visita oficial que o Patriarca fez ao seu irmão maior, Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla. Com tais visitas ficaram bastante debilitadas as sequelas eclesiásticas do cerco (militar) à Rússia que a CIA veio assessorando, na ânsia de tentar de novo proceder ao velho plano de partilha dos territórios russos (plano sem grande novidade, uma vez que jé era o do Adolfo). Coitados. Não aprenderam nada. E isso é dispendioso demais. Para mais gente além deles. Em todo o caso, o presidente do Santo Sínodo de Todas as Rússias veio tornar-lhes os projectos mais inverosímeis. Eis pólá éti Déspótá! Mnô gaya leta!

Balanço do verão: crimes contra a humanidade

Para o balanço do Verão. O Washington Times dá notícia da destruição massiva de igrejas ortodoxas e obras de iconografia na metade norte de Chipre, actualmente sob ocupação turca (ainda que sem reconhecimento internacional). Curiosamente a imprensa americana tem-se revelado menos sensível à destruição massiva de igrejas, mosteiros e ícones na Dalmácia, na Bósnia e no Kossovo – dando-se a circunstância da aviação otanasca (com a participação dos otanascatugas) ter bombardeado os altares da Páscoa, chegando até a destruir, como se alvo militar pudesse ser, uma igreja do séc. IV – os crimes contra a cultura com a virtualidade de ofenderem centenas de milhões de pessoas por razões de Fé, não são crimes contra a humanidade? Continuemos a aguardar.

Para o balanço do Verão

Os programas de relançamento funcionaram na Alemanha e em França. Atestam-no os números hoje publicados relativamente ao crescimento francês e alemão. Portugal e Hong Kong juntaram-se aos números do optimismo. Em contrário, a crise de confiança que arrasta para baixo os números do consumo interno nos USA de acordo com o estudo da Universidade de Michigan. Em contrário, a afecção da Rússia não obstante o relançamento dos preços do petróleo. Em contrário, a quebra do pib em todos os antigos países das democracias populares, pese embora o esforço de propaganda da Polónia e o apoio de Bruxelas ao relançamento da indústria naval nos estaleiros de Gdansk. Em contrário, ainda, a incógnita traduzida no comportamento das economias após cessarem os programas de relançamento.

Thursday, August 13, 2009

"Constituímos uma maioria esmagadora no seio das Nações Unidas"

Não se pode fazer o balanço do político verão de 2009 sem focar a 15ª Cimeira dos não-alinhados e nesta cimeira o discurso do Presidente Khadafi foi um dos mais interessantes sobre a importância relativa actual deste grande movimento de estados. E Khadafi é certamente um dos seus mais elásticos e mais surpreendentes estadistas. Ver o discurso aqui. (Há umas gralhas, mas não vamos ater-nos a insignificâncias).

Saír, sim; Votar, não

Medina Carreira - fugida a vida num fiasco político irremediável - procura causar tanto mal quanto possa. Isso é bom. Embora a quem grita que os outros não sabem o que dizem seja exigível que saiba o que diz. Ontem o Carreira foi a uma televisão repetir o que sempre disse. Diz que quer investimento para a exportação (o que em plena crise do comércio internacional não deixa de suscitar um sorriso) e quer saber porque é que os investidores vão para a Europa Oriental e não vêm para aqui. (Se ainda não sabe, não adiantará grande coisa explicar-lho). Mas pode sublinhar-se que bancos infinitamente mais importantes que os da tugária estão bastante aflitos com as quebras da moeda na Polónia e na Roménia (por exemplo). Alguns perderam mesmo metade do capital investido (e não estamos a falar de lucros). Foram assinalados riscos de insolvência, que não estão ultrapassados. As unidades industriais que aí se instalaram (a OPEL da Silésia, por exemplo) poderiam ver os benefícios acrescidos pela quebra de valor dos salários arrastados pela desvalorização da moeda (com uma mão de obra de inigualável qualidade, porque é inteligente, bem preparada, com hábitos de trabalho e bem disciplinada). Mas essas unidades industriais estão reféns da crise. O destino da marca OPEL(sempre por exemplo) é incerto e a sua posição no mercado não tem futuro claro, nem presente que lhe sorria. Já a DACIA é uma outra história. Produzindo, como produz, por definição, o carro europeu mais bem adaptado à crise. Barato. Sólido. De linhas aceitáveis. A DACIA é um êxito comercial que promete ampliar-se, como uma Hyundai europeia. Mas a Roménia está em péssima fase. Todavia, produz uns três mil doutoramentos por ano de elevadíssima qualidade intelectual e forte credibilidade universitária. (A Língua Romena é a segunda mais falada na Microsoft e isso é uma realidade que vale mil palavras). Medina Carreira quer saber porque é que os investidores preferem terras de gente normal? Não é evidente a resposta? Propõe mesmo que se faça um estudo sobre isso... Ora, ora. Velho tonto. Só o seu sentimento de revanche é respeitável. O resto não. Esta gentalha é lixo e deve seguir por isso as vias da reciclagem possível, ou as da co-incinerção. Como obteremos isso? Deixando tudo claro. Não votando. O voto em branco é ainda um voto no sistema. Uma aceitação do sistema. Uma exigência ao sistema. Ora o sistema não pode ser melhor do que aqueles que o fizeram ou fazem. A abstenção é a resposta. Primeiro -para quem possa- é a abstenção de viver aqui. Toda a gente que o possa fazer deve sair. É a única forma de estar a salvo. Radiquem-se em Espanha, ou vão para a Austrália. É indiferente. Mas não continuem aqui. Organizem-se no exterior, se o quiserem, processem esta corja no exterior (é universal a competência de todos os países para julgar os crimes contra os direitos do homem e esses criminosos não faltam aqui). Quem saia, deve sentir-se grato a Deus por ter podido fazê-lo. Mas não deve iludir-se. Quem sair, sai forçadamente. Porque esta canalha lhe ocupa a terra. E persegue a palavra. Ameaça as casas e as vidas de todos os demais. É preciso sair. E retaliar a partir do exterior. No interior, é preciso preparar a defesa própria de quem aqui vive. E é preciso ter em conta que o principal risco é a gentalha que tem a organização militar e paramilitar nas patas. Mesmo sem crise, a delinquência mais violenta tem sido a das forças de segurança. Com a crise só Deus saberá o que pode acontecer às populações com essa gentalha armada e à solta (e com fome, com ânsias, sem hierarquia que não seja a do delito e a das complacências mais inacreditáveis). Enquanto não houver intervenção militar externa, a crise fará com que todas as medidas de autodefesa dos homens e das populações sejam legítimas. Não se vê infelizmente - salva a ocorrência de um milagre- que "o país" possa dispensar uma fase de protectorado internacional com intervenção militar directa. Daqui a vinte ou trinta anos, com doutoramentos produzidos em universidades que contem, com gente normal crescida em sítios normais, com gente mais velha a saber o significado prático das coisas, daqui a vinte ou trinta anos talvez apareça aqui alguma coisa que valha globalmente a pena. Que valha algum esforço. Algum risco. Alguma aposta. Agora não há. As tarefas políticas são as da retaliação (tão justa quanto possível), as da eliminação de todas as vantagens ilícitas, as da recuperação de todos os fundos que estas significam e as da sobrevivência material das pessoas e das famílias. Mas a mais segura das protecções é sair daqui. É tudo. Entretanto e caso seja necessário, Contra Ordem pode (a título excepcional) dar-lhes uma sugestão quanto aos sítios onde as urnas eleitorais podem ser metidas. A abstenção é a única resposta política a estas circunstâncias.

Tuesday, August 11, 2009

Os bloqueados e o seu bloco (conclusão)

No programa do Bloco não estão tratadas com credibilidade mínima nem a questão da justiça, nem a do combate à corrupção. É preciso combater a corrupção que retirou e retira recursos ao desenvolvimento. E esses recursos, importa recuperá-los. Tudo o mais é questão de políciamento. Só este aspecto merece menção programática. É o objectivo político que conta. (Temos definitivamente mais que fazer do que andar atrás de erros ou truques de contabilidade globalmente irrelevantes, deixando passar ao lado, completamente abertas, as vias da pilhagem e da construção da miséria). Mas como se concebe e organiza o Estado para isto ser possível?... Nisto o bloco não responde. Como todos os outros. O Bloco diz-nos, portanto, que é preciso fazer alguma coisa. Estamos de acordo. E diz que tem umas ideias difusas sobre isso. Mas quem não sabe exactamente o que fazer deve estar quieto, respondemos nós. A esquerda também não tem o direito de exibir os seus bloqueios intelectuais como se fossem respostas. Ninguém tem esse direito. Quanto à justiça as tretas dos juízos de paz onde uns atrasados mentais (à maneira do costume) caricaturizam as taras de uma judicatura do salazarismo, porque não querem ser menos. Isso não é resposta nenhuma, para crise nenhuma, de justiça nenhuma. Quanto à celeridade processual obtém-se facilmente se não houver processo, se não houver direitos. É o que dizem – com umas litotes - os mais imundos funcionários do sistema com os demais parasitas que aí tasquinham . Não pode ser essa a via. E nenhuma via dispensa a exclusão (com ou sem encarceramento) desta gentalha. A reforma deve ser precedida por um inquérito global, começando nas faculdades de Direito e terminando na gestão do Cofre Geral dos Tribunais, passando pelas cadeias e pelo funcionamento concreto do aparelho (desde os administradores de insolvência às aberrantes práticas policiais). É preciso ver primeiro o que está acontecer. E o que aconteceu. Depois, é preciso agir. E a acção deve ser fulminante. O Direito Internacional dos Direitos do Homem basta à reacção política e jurisdicional quanto a todas as disfunções que vitimaram os cidadãos. Os critérios gerais do CPA e as previsões do Código Penal bastam a tudo o mais. Depois é preciso que nenhum membro da corja subsista no posto que imaginava seu. E que nada deixe de pagar-se.

A grande massada da pequena Beira e o seu Zé Sócrates

O programa eleitoral do partido socialista foi apresentado e corresponde a coisa nenhuma. Generalidades e propaganda. Com umas promessas absolutamente inquietantes quanto à reforma do processo civil e laboral. Mas sem que uma palavra haja sido dita sobre a objectiva inviabilização do acesso à Justiça que vitima as classes médias e foi construída a partir da “reforma”, “socialista” das custas judiciais. E a indecorosa revogação de qualquer apoio judiciário útil perpetrada pelo celerado Júdice com a complacência dos capões de Barroso-Lopes. Nem uma palavra, também, sobre a gestão dos rendimentos gerados pelas taxas de justiça absolutamente usurárias e cuja gestão escapa completamente às regras da contabilidade pública. (Vamos ter grandes surpresas quando pudermos olhar para aquelas contas e enquanto o não pudermos todas as suspeitas são legítimas). O exame das contas do Cofre Geral dos Tribunais e o exame minucioso das respectivas práticas de gestão, oferecerão dos altos escalões da magistratura a imagem da sua identidade real: mais uma corja. Nem uma palavra diz o partido de Sócrates de Massada sobre o aumento brutal da coacção sobre advogados (com a sanção pecuniária especial que se junta à miríade de processos disciplinares e criminais pelo simples uso da palavra em processo). Nem uma palavra sobre o ultraje dos vencidos em juízo, a quem é exigido que paguem os honorários aos advogados da parte contrária – e esses vencidos, nas actuais circunstâncias de absoluta selvajaria, hão-de ser quem tem, muito provavelmente, razão – nem uma palavra sobre nada, em tal "programa". Sob o governo do socialismo de Massada a perversão do Direito continuou e agravou-se. O partido socialista é verdadeiramente um “partido revolucionário institucional” à mexicana. Com uma capacidade de sedução efectiva e demonstrada sobre a direita ultramontana (selvajaria confessa do papismo pedoclasta, q.e.d.). Neste programa eleitoral confirmam-se décadas de evolução na federação de interesses dos papistas de todas as vertentes e traduz-se o grau de instrumentalização a que se prestam os homens da tradição republicana de esquerda, que ainda ali estão e visivelmente ali não podem continuar. Este programa traduz a inevitabilidade da cisão do PS. Anuncia o seu fim. Nem é possível dizer diante de tal programa que o PS pode ser um voto útil diante do horror dos capões do cavaquismo na primeira linha da vida pública. O partido do Sócrates de Massada da Beira está cheio de criaturas rigorosamente iguais aos capões do cavaquimo. Desde a vacuidade ideológica, passando pela permeabilidade à pedoclastia papista. Depois há umas mulas que só ali cabem, isso é certo. Mas a mula é - apenas e sempre - o produto da exasperação de um cavalo e da complacência de uma burra. E é estéril. Embora possa ser útil. Este programa traduz a imprestabilidade de tal partido. E, sobretudo, a sua nocividade. Uma grande massada confessada. Com o basileus que lhe cabe.

Saturday, August 8, 2009

A Palavra do Bloco

O bloco de esquerda está bloqueado. O programa apresentado traduz-se num chorrilho de lugares comuns, espécie de sistematização de conversas de café com jornalistas batidos e economistas de difusas ideias gerais. Não pode estar errado e não pode estar certo. A pedra de toque está na página 102. Tudo se salda naquilo e aquilo é a radical ausência de qualquer ideia quanto à organização do Estado. Porque, evidentemente, não se pode dizer nada de útil quanto à organização do Estado sem apresentar uma concepção do Estado, uma concepção do Direito e um objectivo político coeso capaz de se traduzir em critérios visíveis para a elaboração de um conjunto de normas, sendo certo que todo o sistema é um conjunto de normas. Não há uma palavra quanto à atitude política tomada face ao conjunto das normas internacionais directamente em vigor no território, nem à compatibilização das práticas políticas, administrativas, judiciárias com a obediência necessária a essas normas. E também não há uma recusa política – não significando isto que tal coisa fosse desejável - com as normas internacionais em vigor e às quais resistem os funcionários do território. O bloco foca com a intensidade apaixonada (das conversas de café) a oligarquia. Mas não procede sequer ao inventário do desvalor introduzido por esta nas tarefas do desenvolvimento por cumprir. Quanto foi retirado ao investimento público pela corrupção nos últimos vinte anos? Era questão de ver quantas obras públicas viram o seu preço duplicado, quantos fornecimentos públicos viram duplicado o seu valor. Isto talvez seja uma tarefa de polícia económica. Mas é também uma estimativa exigível a dirigentes políticos que se afirmam em ruptura. Caso contrário, as “ideias gerais” sobre a corrupção produzirão novos números de novas vítimas - como se houvesse falta de vítimas e de números - que os agentes da corrupção no aparelho repressivo se apressarão a produzir, sem nenhuma hesitação, mas sem nenhum significado prático. Ou com o significado prático do costume. Umaboa parte daquilo a que se chama corrupção é em boa parte extorsão praticada por funcionários. E uma boa parte daquilo a que se chama combate à corrupção é, em boa verdade, a simples utilização abusiva (e corrupta) do aparelho do Estado para a eliminação de agentes económicos em favor da centralização da riqueza.