“Homens de vistas curtas, acreditam que os outros não têm nenhuma luz dentro de si”. O presidente reeleito do Irão foi surpreendido em reflexão na Cidade de Qom, na presença serena do seu mestre e outros dignitários da Escola. Uma primeira diferença é indesmentível -não será?- Ahmadinejad, filmado em privado, aparece reflectindo. Já Barroso, Sarkozy, Berlusconi (entre outros) quando são filmados em privado estão realmente a fazer coisas muito diversas da reflexão. Não se sabe como chegou o vídeo – com péssima qualidade e portanto provavelmente não autorizado – mas não é de excluir que tais imagens hajam sido captadas por espírito de admiração e até com intenções de uso privado. A primeira conclusão destas imagens é a de intensíssimas convicções. Religiosas, sim. Mas políticas também. Convicções quanto ao Direito, ainda. Tais imagens demonstram uma determinação clara no compromisso pessoal e político com a redenção do mundo, na mais estrita fidelidade aos mestres. A República Islâmica está longe de qualquer esvaziamento. Sente-se limiar da Era Nova e olha-se como libertador não apenas da Pátria Iraniana, mas do mundo. Isto não está e não estará ao alcance da imbecilidade instrumental de Moussavi ou figura equivalente. Esse Azeri parece não saber que as pessoas nasceram com uma cara e não podem ter duas. Isto não está ao alcance dos jornalistas avençados do Libé ou de qualquer outro lugar e, tão pouco, está ao alcance do Henri-Lévy que envelheceu “novo Filósofo” e se revela sempre tão atento às profundas razões de quem lhe pague os textos cada vez mais medíocres, produzidos a partir de pretensa autoridade intelectual, jamais reconhecida. Este vídeo está a ser usado como propaganda de denúncia ao “tranquilo fanatismo” religioso e ao “perigo político” das convicções aqui expressas. É tudo inútil. Mais depressa os europeus e americanos arrastados para a miséria – pela desonestidade de uns e indigência ideológica de outros - verão aqui uma razão de esperança. Vivendo entre ladrões, usurários, proxenetas, prostituídos, entregues à guarda de vulgaríssimos cretinos, os ocidentais encontram nestas imagens o que não vêm nas suas terras há muito tempo. Gente que fala de convicções. De projectos. De fidelidade à ideia. De empenhamento militante. E da esperança. Da pureza. Da liberdade e do combate a que estão dispostos. Falam da presença de Deus a quem pedem lucidez, coragem e modéstia. Pedindo estudo e reflexão às suas Escolas Teológicas, cujos mestres veneram com a gratidão de quem sabe quanto lhes deve. Henri-Lévy encontrará certamente nisto alguma coisa capaz de fazer com que lhe paguem mais umas páginas de “denúncia”. Mas estas imagens dizem, tão simplesmente, que nenhum serviço de informação, de nenhum exército inimigo, que nenhum dinheiro de ninguém, que nenhuma propaganda conseguirá alguma vez dobrar esta gente. Essa notícia é um alívio em si mesma. Vai ver-se uma grande agitação. Sim. Há aqui uma Escola. E um Escol. Por consequência, uma Escolta. Só homens capazes de se unirem a estes em aspirações congéneres – mesmo que com outros pontos de partida – poderão alguma vez fazer-se respeitar a tais olhos. Ou ser ouvidos. Quanto a tudo o mais, alea jacta como diria o bom velho Júlio. Todos morreremos um dia. Felizes aqueles a quem foram dadas razões para viver e causa pela qual serão lembrados. Pela tua bravura, Ahmadinejad, pelas tuas aspirações de Justiça, pela firmeza dos teus gestos e pela prudência dos teus mestres, pela paz na tua Pátria e pela vitória sobre os inimigos da tua terra, porque são inimigos de todas as terras e inimigos da liberdade e da dignidade de todos os homens – Kyrie Eleíson! Gospodi Pomilui! Duomne Milueste!... E conceda Deus, o Clemente e Misericordioso, que a nossa gente e a tua jamais venham a enfrentar-se .
Sunday, June 28, 2009
Thursday, June 25, 2009
POLÍTICA ABORÍGENE NO TUGASTÃO
O estupor da velha declarou (na SIC) querer um debate com Sócrates de Massada, porque, dizia a criatura, ambos são “candidatos ao mesmo lugar” (sic). De hortaliça? Porque é o estupor da velha tão doméstica em tudo? E que ideia terá o estupor da velha do que possa ser uma discussão?
Tuesday, June 23, 2009
FALÊNCIA
Na Letónia, o governo confessa a sua impotência para assegurar os cuidados de saúde, o pib quebra 18%, os preços do imobiliário caíram 50%, o salário mínimo foi reduzido em 20% e as reformas foram cortadas em percentagem insuportável aos reformados. Eis pois a prosperidade prometida. E essa decepção é mais ou menos generalizada a todos os Estados da Europa Oriental, acrescidos dos Estados dos Balcãs. Belíssimo resultado, não há dúvida. E dispendiosíssimo do ponto de vista político. Entretanto, a “crise iraniana”, i.e. a necessária retaliação do Irão sobre as ingerências disparatadas da última semana, promete agravar a instabilidade dos mercados. O tuga médio tem vivido em alegre anestesia esta situação cuja brutal dureza lhe baterá à porta ainda durante este ano. O país depende de duas empresas (!) e ambas estão a fechar. A Auto Europa e a Quimonda não têm salvação visível. Os números portanto cairão acentuadamente. A quebra do pib em breve será confessada com a mesma ordem de grandeza da Letónia. E o resto será sempre pior, porque, justamente, as coisas em Portugal são portuguesas e nada há pior que isso. Resta, evidentemente, uma solução esquecida – a insurreição. Há tudo. Até os quadros para uma revolução. Há os motivos. E a força. Com 18% a menos no pib e qualquer direcção revolucionária opera. Vamos viver dias interessantes. A opressão vivida nesta terra atingiu tais níveis que os simples critérios da Sharia seriam um progresso assinalável no caminho da Liberdade. Aguardemos. Não faltará muito. É preciso ir pensando no que fazer à igreja dos pedoclastas, aos capões do estupor da velha, aos palermas do Sócrates de Massada e, enfim, a toda essa imunda corja de serventuários que apodreceu todos os aparelhos – dos Hospitais aos tribunais – é preciso ir pensando nisso, primeiro, porque há recuperações de recursos a fazer, depois, porque a improvisação seria catastrófica, por último, porque ter o ónus de os alimentar na cadeia parece despesa escusada. (Era o que faltava). Havemos de fazer um pequeno exercício projectivo do que a desorganização da crise poderá representar. Discutir é já alguma coisa. O esvasiamento ideológico é radical. Os poltrões e os seus sicários não têm nada dentro das cabeçorras a não ser sentimentos de medo e revanche. Todos cantarão tudo sobre todos. Os processos respectivos serão fáceis. (Se houver tempo).
Sunday, June 21, 2009
IRÃO, AUTORIDADE E CRISE
Qual é o significado das posições de Ahmadinejad e Khamenei? É o de uma clara convicção em cujos termos o Irão tem, nos USA e na Europa, inimigos perigosos. Que significam as posições europeias e americanas da última semana? Significam que Ahmadinejad e Khamenei têm toda a razão. Entre mil e duas mil pessoas, apenas, desafiaram no Sábado a palavra de autoridade da Oração de Sexta-Feira. Não foi portanto a polícia quem esvasiou as ruas. Nem a palavra de autoridade perdeu, aparentemente, pelo menos, qualquer influência. Onde a autoridade se impõe à crítica, não pode haver crise. É uma impossibilidade lógica. Alguns oposicionistas vieram dizer que não querem mudar o regime. Interessante. E bastante indigno da bravura dos quase dois mil homens que ousaram sair à rua e são, por isso, credores de um respeito que não deve ser-lhes negado. Um outro – porventura oposicionista, mas que sabemos nós? – fez-se explodir sem causar os estragos que porventura visaria. E Moussavi, pobre homem, deu o seu definitivo sinal de fraqueza. Pediu uma greve geral para o caso de o prenderem. E disse estar pronto para o martírio. Cuidou ele de saber se quem o seguia estará pronto para o martírio? Na verdade tão pouco explicou a que testemunho se reportaria tal prontidão. Também isto é bastante indigno da bravura e do entusiasmo de quem o seguiu sob o olhar preocupado e severo da Hierarquia Religiosa. A polícia não utilizou armas de fogo e morreram na rua dez pessoas baleadas. Os jornalistas estrangeiros foram convidados a sair e já não era sem tempo. Umas fêmeas excitadíssimas, ao estilo da Miss Curraleira da RTP, que nem lá deveriam ter ido, por ser despesa inútil aceitar e pagar os comentários do ponto de vista de uma estupidez mais que certa. (Os vistos devem entretanto ter expirado). Este Domingo correu sem qualquer protesto de rua. Falhou outra “revolução colorida”. Khamenei tinha prevenido, na Sexta-Feira - “ o Irão não é a Geórgia”. Pois não. Mas só o
OS ESBIRROS JUDICANTES DA TUGÁRIA
Os agentes do “sistema judicial” ou “ Justiça”, como abusivamente se chamam a si próprios, não conseguem estabilizar nenhuma “solução” para o seu grande problema: o trabalho por fazer. É vê-los nas comarcas. Chegam às dez para os adiamentos. Saem às dez e meia para um merecido café, regressam às onze não se sabe para quê e saem ao meio-dia para almoçar. Pelas duas e meia, ou três da tarde, procedem aos adiamentos e às quatro, exaustos, estão outra vez no café da esquina. Às cinco saem depois de um dia extenuante. Despacham em casa, com frequência e fazem até constar a menção "à noite" nos respectivos despachos. Entenda-se que “o sistema” é óptimo a tais olhos. Não pode é haver tantos processos. O sistema é óptimo, mas os cidadãos não podem ter tantos direitos. “O sistema é muito garantístico”. E portanto cortaram-se selvaticamente recursos. E estabeleceram-se novas sanções de 1500 Euros para os requerimentos incómodos, escritos ou ditados em acta. São as sanções pecuniárias especiais que se juntam às custas por “incidentes anómalos”. É a armadura processual contra a invocação da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, ou contra a invocação do Tratado Instituidor das Comunidades. E subiram-se as alçadas, permitindo que as mais abusivas decisões não sejam sequer examinadas. Ora, mesmo assim, os processos cresceram. Vinte e cinco por cento. Seja no Trabalho, seja no Comércio. Por causa da crise, dizem. Eles tinham remediado isso com um código de trabalho que restaura a servidão da gleba. E instituíram uma lei de insolvência que é um calvário de horrores e arbítrios sem defesa plausível a não ser a mudança da país (em sentido exactíssimo ecom expresso acolhimento na "lei"). Afinou-se um funcionalismo de sicários e, até, se aumentou a proporção de esbirros judicantes. E nem assim os livram do trabalho. O sistema tem mais "juízes" por número de habitantes do que qualquer outro estado europeu, mais advogados por número de habitantes, mais funcionários do que em qualquer outro lugar da União. Nada lhes chega. Nada os livra. Mas o que é preciso é que nada os livre da sanção de uma reestruturação punitiva. Criatura judicante que tenha violado os Direitos do Homem em decisão – ignorando expressamente a invocação do Direito Internacional, ou violando claramente os critérios jurisprudenciais de Estrasburgo - deve ser excluída da função pública, com efeitos a partir da primeira violação detectada (determinando-se a devolução dos salários e benefícios recebidos a partir daí, o pagamento solidário das indemnizações aos lesados e o pagamento ao Estado das custas de cada revisão de processo requerida). O sistema só é “excessivamente garantístico” para a corja que ali se arvorou. Para os demais não tem, sequer, qualquer utilidade visivel. Habitam-no uns gajos e gajas que vivem na (e da) ignorância do arbítrio, porque nada é necessário estudar ou saber se lhes basta querer. É preciso tratar disto. Com premência. É um dos primeiros problemas políticos locais.
Friday, June 19, 2009
IRÃO, SIM...
IUSTITIA IMPERATRIX MUNDI
CITAÇÃO DO DIA
Thursday, June 18, 2009
PROCESSO IRANIANO
Tuesday, June 16, 2009
INSURREIÇÃO NO IRÃO?
A Imprensa Europeia insiste no clima de “rebelião iraniana” – inconformismo veemente dos vencidos com aparente catalização externa, porque até o neto do coronel Reza Khan apareceu a aproveitar a oportunidade – falando-se mesmo em “terceira revolução”. Mas, em contrário, o Washington Post vem trazer-nos a posição assente na nationwide public opinion survey of Iranians, em cujos termos as probabilidades do presidente reeleito eram maiores do que as concretizadas. Dois para um, esclarece o texto. Pode haver irregularidades, portanto, mas, fraude não é plausível. Estamos de acordo. Podem fazer-se todas as recontagens. Os vencidos estão polarizados em torno do risco em que o Irão se encontra sob a actual liderança. Mas a República Islâmica sempre esteve
Monday, June 15, 2009
NOVIDADES NA ORTODOXIA
De acordo com a decisão de 12 de Outubro de 2008, reuniu a comissão panortodoxa preconciliar sob a presidência de Mons. Ianis de Pérgamo. O comunicado dá conta da instituição formal e regulamentação proposta dos órgãos de estruturação do governo pontifical das comunidades da Diáspora, deliberando por unanimidade. Ambos os textos são interessantes. Em Portugal as Santas Igrejas Ortodoxas têm de haver-se com seitas que se reclamam da Ortodoxia e lhe são completamente alheias, muito embora visem explorar – e com êxito, pelo menos num confessado caso – a ingenuidade dos migrantes eslavos e georgianos (os romenos e gregos estão menos expostos). Tal exploração faz-se, de resto, com plena participação do Estado que dá a tais seitas (irrelevantes grupúsculos de gente doentia) tempo de antena como se de Igrejas Ortodoxas pudessem tratar-se. A instituição e regulamentação das conferências regionais de Bispos das diversas jurisdições eliminará, em princípio, qualquer dúvida quanto à exploração fraudulenta do abuso de insígnias episcopais por seitas.
NETANYAHU, CASO DE MICROCEFALIA ?
Binyamin Netanyahu encontrou o modo de aderir a Obama, resistindo-lhe. O discurso foi uma manobra de intoxicação. Assistimos disciplinadamente à coisa, em directo. Eis a questão: os refugiados palestinianos são um problema que tem de ser resolvido, mas deve sê-lo fora das fronteiras de “Israel”. Não se percebe porquê. Os refugiados estão desalojados, pela força, desde os anos quarenta, de territórios e cidades onde sempre tinham vivido e que ficam “dentro das fronteiras” (por assim dizer). Não se percebe porque haverá tal problema de ser resolvido “fora das fronteiras”. E essa solução seria a de um pseudo-estado. Um bantustão com a particularidade de dar consistência politica definitiva ao estatuto de uma sub-cidadania, deslocada do plano individual (o árabe era um sub-homem, muitas vezes sem papéis e sem registo de nascimento, sequer) para o plano colectivo: um sub-estado sem liberdade no próprio debate político interno (o Hamas seria proibido, não obstante ter ganho as eleições), sem exército e com economia integralmente dependente do inimigo. É fácil compreender que um tal discurso serve (sem suficiência, sequer retórica) o propósito de sustentar a continuação da violência, da ocupação e de vários crimes contra a dignidade humana previstos no Direito Internacional Penal. “Esta é a terra dos nossos ancestrais”. Os persas conquistaram-na duas vezes e, nessa lógica, poderiam ter, também, uma palavra de reinvindicação legítima. “ A Shoah não teria ocorrido caso o reconhecimento – da independência judaica do território - não tivesse sido tão retardado”. Não nos parece, mas a discussão é irrelevante. É sempre inútil discutir o que as coisas teriam sido se... Mas não parece que os europeus assumam, com tal fundamento, qualquer má consciência como os alemães assumiram a deles. Disse ainda que Jerusalém é território israelita. Não é. E não pode ser. Tal discurso é inaceitável, nos pressupostos como nos desenvolvimentos. Veremos não tanto o que pensa Obama, mas o que pode Obama diante disto, já que lhe não sobra dinheiro para a guerra. Nem a intensificação desta frente fará crescer o pouco dinheiro que há.
Sunday, June 14, 2009
Barroso: Camaleão, diz o Le Monde
Não seremos nós quem discutirá o género ou a espécie da criatura. Pode ser camaleão (embora intuitivamente, antes nos inclinássemos para a ausência de esqueleto). Será o que for. Mas é hoje abertamente discutida. E cedo foi perfeitamente compreendida. À chegada, chamaram-lhe “ o sr. banalidades”, assim lhe julgando os dotes de oratória. Conhece-se também a sua (dele) profissão de fé quanto à ilimitada capacidade de obediência a quem lher der ordens. Antes era Bush e Blair. Agora é Merkel. Será quem for. Serviria com igual empenho o Presidente Chavez. Não fora a importância relativa de Cacilhas e da Cova da Piedade na caracterização da personagem e dir-se-ia um Fouché. Mas é apenas o esplendor do tuga médio na sua geração. Nasceu para servir (ainda que se permita andar informado do que fazem os senhores nos respectivos aposentos, interesse ansioso que lhe vem estampado no focinho). Surgirá sempre na posição onde o deixar o vento que sopra. A criatura conseguirá agarrar-se ao posto com alguma probabilidade. (Não traduz uma posição, mas ausência dela). Probabilidade alguma, portanto. Mas consideração nenhuma. De ninguém. Nem de quem o empregar. Mais cinco anos, talvez. E um regresso à parvónia que será doloroso. Coisa, de resto, indiferente a toda a gente.
“Think tanks”
“Think tanks” uma recapitulação útil, aqui. Evidentemente, a eficácia de tais coisas é muito limitada para os preços - virtualmente ilimitados - que praticam. Assim, por exemplo, é inútil dizer que o Chavez é doido se os venezuelanos não estão de acordo. Chavez desmontou a técnica da "espiral chilena" que asfixiou Allende, mais a das revoluções laranja e rosa, em conjugação à qual tornou imune a Revolução Bolivariana. É também inútil dizer que o Putin é um chato, porque ele dá-lhes cabo do canastro em dois tempos, digam eles o que disserem. Talvez até se possa começar a contratar alguns destes mercenários e parasitas dos argumentos, para uma utilização mais limitada: trazer ao ridiculo a apologética, por exemplo. Imagine-se o que seria se o mundo começasse a rir com a tese em cujos termos Bush sempre foi um génio humanista e o seu execrando Barroso é um príncipe da Renascença em Cacilhas. Havemos de voltar ao tema. Mesmo na Gestão empresarial o tema tem graça. E não é mau negócio. Por ora, registe-se o elenco. Mas sem levar a coisa tão a sério - não vale a pena o susto - eles são perigosos, mas têm taxas de ineficácia espantosas e a Net desorganiza-lhes completamente a vida. (Ah! E nunca foram tão bons como imagina quem lhes paga).
Saturday, June 13, 2009
ELEIÇÕES IRANIANAS
Evidentemente, é impossível olhar o Irão com neutralidade emocional. A Pérsia é um dos berços da Civilização e os seus sátrapas foram sempre muito menos sátrapas que outros – alguns dos quais imediatamente contemporâneos e bem ocidentais – a Pérsia não é referência que possa esquecer-se. E é inesquecível o - tão literário - simbolismo do Trono do Pavão. Como é curioso, na Pérsia recente, a fascinação do Imperador pela Guarda Cossaca de onde haveria de sair Reza Khan, para tudo comprometer. Mas esses persas que libertaram Israel e o reconduziram à liberdade de Deus, reedificando-lhe o Templo, esses persas, cuja brilhante cultura herdámos provavelmente, tanto através do judaísmo, como através de Alexandre, essa Pérsia que nunca nos abandonará, essa Pérsia é hoje muçulmana e legitimista (o que naquele quadro significa Chiita). Continua tão combativa como sempre. Só que um tanto diferente. Muito diferente, querem dizer-nos. Porventura sim. Mas numa coisa os persas subsistem iguais a si próprios. Continuam a ser um alvo difícil para ânimos hostis. E teimosos, porque Deus é Misericordioso. Ora o Irão acabou de confirmar o pior pesadelo do “ocidente” naquela região. Disseram que... não. Mas porque haveriam eles de dizer que sim? Os belicistas têm pois o seu incómodo alvo reajustado. Embora não tenham meios para lá irem alvejar com êxito seja o que for, a não ser ao preço da catástrofe. As eleições tiveram uma taxa de participação a rondar os oitenta por cento. Contestados os resultados, importa notar que a coisa é muito provavelmente assim mesmo. Haverá quem pense diversamente no Irão. Claro que sim. Mas é assim que as coisas são. As comunidades atacadas unem-se frequentemente em torno da sua chefia. Devia saber disso quem se proclama defensor da paz e da segurança. E o presidente reeleito é homem modesto, vivendo modestamente, mais ou menos à vista de todos. Não é um Cavaco para quem a dotação financeira dada ao Rei de Espanha não seria nunca suficiente. Não espanta que Ahmadinejad agrade a boa parte da sua gente. Nem espanta que Seyyed Ali Khamenei tenha tornado pública a sua alegria. Haverá uma gente de formação mais universitária, mais educada nesse sentido, pensando e fazendo as coisas que as pessoas bem-educadas costumam pensar e fazer. Sim. Mas talvez eles possam começar pelo princípio. Talvez eles possam influir na subida do nível de todos os outros, trabalhando mais em prol de todos os outros, antes de se proporem dirigir o Estado. (Foi, a seu modo, quanto fez a Hierarquia Religiosa). Os opositores eram aqui mais elegantes. Sem dúvida. Mas a elegância não perde nunca oportunidade. E nada os impede de continuarem a ser elegantes.
ECOS E PROTESTOS
Friday, June 12, 2009
O PRINCÍPIO DO FIM DE MUITAS COISAS
Thursday, June 11, 2009
Dez de Junho: a parada dos monstros
“Sonhei que era português”. Bem nos parecia. O Demóstenes de Boliqueime veio celebrar “a raça” (como ele dizia) ao tugúrio de Santarém. Com aquela cara de homem a quem dói alguma coisa quando fala. Disse o contrário de quanto representa e de quanto fez sempre. Num restolhar de frases feitas (duas das quais pelo Garrett). Exercício costumeiro no qual um monstro - em nome dos monstros - pergunta porque há-de a vida ser monstruosa. (Eles não estão nada convencidos da legitimidade das respectivas existências). Pediu mais austeridade de vida. Não sabemos se a pedia aos seus Loureiros (Dias e Valentim), se ao genro, se ao Oliveira e Costa. Admite-se que não estivesse a pedir mais austeridade de vida aos desempregados ou aos sem abrigo (mas tudo é possível). Entre a praça de toiros de Santarém e lado nenhum, desfilou a tropa fandanga numa sucessão de imagens hilariantes. Os comandantes ofegantes, mal sustentando as barrigas de grávidas e projectando os pés para o lado como se temessem o risco de entalar alguma coisa que (hipoteticamente) lhes estaria entre as pernas bambas… Depois dos comandantes, uma corja inenarrável ostentando todos os desalinhos: passos trocados, camisas com fraldas de fora, bivaques e boinas ao calhas, talabartes mal ajustados (sendo inútil prolongar a enumeração). E as caras! Que caras!... Vem aí o 14 Julho e quem não lembrar já as paradas de Maio em Moscovo, quem não recordar a do 12 de Outubro em Madrid, pode ver em breve o que significa uma parada militar na celebração do 14 de Julho em Paris… Porque há-de a vida ser monstruosa? Pois, porque, justamente, é vida dos monstros. O Moita, polemista oficial da Casa do Sino e de tudo quanto dela sobra, defensor dos agentes do caso Maddie e Joana, (já criminalmente condenados), fez-se presente na jaqueta de presidente de câmara, com as folgas e refegos de mau alfaiate de bairro. A imagem de um parolo. Compostinho. Entre parolos. Mas na tribuna, como na parada, tudo se conjugava perfeitamente. As fisionomias traziam, todas, os mesmos traços desenhados. Desde o bispo da igreja oficial, que oficialmente não há, ao presidente. E tudo se prolongava até às caras dos alunos das escolas militares. É nítido que os da tribuna (e tudo quanto representam) lograram impor ao país, nestes trinta anos, as suas deformidades. É nítido que o país ostenta hoje as suas (deles) mutilações. “Sonhei que era português e que Portugal era outra vez Portugal”. Aceita-se a confissão implícita. Era uma vez um monstro que queria ser. Queria ser juiz. Queria ser médico. Queria ser professor. Queria ser presidente. Era uma vez um monstro que não queria fazer. Não queria fazer justiça, mas apenas ser juiz. Era uma vez um monstro que nenhuma construção projectava, mas queria ser engenheiro. Era uma vez um monstro que nada tinha a dizer, mas queria ser professor. Era uma vez um monstro que não queria servir a comunidade, mas queria ser militar. Que coisa os fez assim? Foi a sodomia, desde a mais tenra infância, ministrada com o catecismo papista? Foram as dez gerações de alcoolismo e sífilis que os precederam? Foram as mãezinhas a levar nas ventas todos os dias (para remissão do pecado que tais crias são)? Não se sabe que coisa os fez assim. Mas, independentemente da explicação do fenómeno, foi isso que ali desfilou. Mesmo o Colégio Militar já só ostenta fisionomias que podiam ser as dos rapazes de qualquer asilo, de qualquer Casa Pia. E dessa escola às Academias Militares nenhuma distinção havia. Eram as fisionomias da tribuna. Labregos. (Nas mais benévolas presenças). Doentes mentais, em algumas das perfeitamente explícitas imagens. Em cujos corpanzis nenhum aprumo habitará jamais. Em cujas cabeçorras nenhuma ideia se acenderá alguma vez. Em cujo horizonte de vida nenhuma beleza, nenhuma nobreza, nenhuma justiça se consentirá nunca. Aquilo foi – em tudo - a negação de tudo. Como não podia deixar de ser. Porque há-de a vida ser monstruosa? Pois, porque àqueles se consente que existam assim. Porque aqueles sobrevivem a todos os poderes, mas nada sobreviverá ao poder deles. (Quod erat demonstrandum).
Monday, June 8, 2009
ELEIÇÕES FALHADAS
Sunday, June 7, 2009
Geert Wilders, eleito
Geert Wilders já foi eleito para Estrasburgo (com a admoestação de Bruxelas pela publicação antecipada dos resultados da Holanda). Foi eleito não obstante a sólida reputação de “xenófobo” (melhor dizendo, anti-islamista) e de “extrema-direita”. Nós não sabemos o que possa ser a “extrema-direita” num holandês. O amor à Pátria num holandês implica evidentemente o amor à Tradição do primeiro país europeu a decretar a liberdade de consciência. O mais natural é que essa “extrema-direita”se trate de pura inviabilidade lógica. Wilders vai a Estrasburgo para “lixar aquilo” pelo interior, segundo nos diz. Está zangado. Mas tal ira não pode ser mais intensa que o desprezo absoluto dedicado pelos Holandeses a tal eleição. Pouco mais de trinta e quatro por cento de votantes. Mais inteligente seria não ir. E recusar a legitimidade política de tal titularidade. Mas que vá. E irá com os nossos votos de fulgurante êxito. É preciso “lixar aquilo”, sim. Mas lixar aquilo, não é polir aquilo? (Deus nos valha. O trabalho que dá entendermo-nos!)... Quanto ao anti-islamismo, já temos falado disso. A radicalização agressiva (ou defensiva, mais exactamente) de algumas escolas muçulmanas, anda a par com o florescimento de posições intelectuais muito interessantes noutras. (Hassan al Bana é contemporâneo de Jamal al Din al Afghani e de Mohamad Abduh). Obama já viu isso (e já ia sendo tempo, que a coisa demorou muitos milhares de mortos a compreender). E Wilders pode irritar-se com o que quiser, convindo embora que não provoque males maiores do que aqueles aos quais pretende pôr termo. É desagradável o modo como os árabes tratam as mulheres. Isso é verdade. E inquietante. Quando se pensa que tratam assim as mães deles e as irmãs deles, os cristãos perguntam-se o que pode acontecer aos outros. Mas - poligamia oficialmente à parte - os cristãos (quase todos os cristãos) já trataram as suas mulheres de modo semelhante (ablação cirúrgica do clitoris incluída). E até há muito pouco tempo. (Hoje, por exemplo, os laicistas torturam-nas e deformam-nas com a "moda" feita por maricas que visam, dizem, torná-las "sedutoras" para os outros e o resultado é uma concepção de "elegância de bordel", nisso não podendo ninguém vêr progresso enunciável em voz alta). Os papistas continuam a tratar as crianças de modo especialmente repulsivo e aliás criminoso. E às decapitações do Iraque podem opor-se os voos da morte da Argentina (com a benção de Mons. Tortolo), ou a tortura de Abu Graib e Guantánamo (determinadas por um cristão renascido). O equilíbrio é dificil. É certo. Mas a falta do equilíbrio traduz-se na queda. Não se pode escolher entre monstros. E o menosprezo não é a atitude mais inteligente face aos Textos Sagrados de qualquer religião em nome das referências de outra. Não disse o Cristo que há outros redis com ovelhas suas?
Saturday, June 6, 2009
DELENDA EST!
A iminência da aprovação de uma Lei nos USA instituindo o prazo de um ano para qualquer vítima, em qualquer idade, apresentar queixa por qualquer abuso ou violência que haja sofrido enquanto criança, fez a padralhada entrar
Friday, June 5, 2009
O PORNO-CANONISMO PAPISTA
Enquanto o “pontifex maximus” se ocupa da pretensa teologia moral do preservativo, um franciscano polaco reformula a "teoria geral do coito matrimonial". Trata-se de uma compilação idiótica de fantasias e abusos, com o significado prático de sempre: o porno canonismo. Eles agora distinguem entre cunnilingus (e fellatio) legítimo e ilegítimo. Os legítimos, agora, se não são obrigatórios, são pelo menos muito recomendados. Mas se a coisa durar até ao orgasmo equivalerá ao onanismo e será um pecado. Seria portanto necessária a confissão do facto. Como seria necessário confessar a insubmissão de não querer aquilo na boca por qualquer motivo ou em alguma circunstância. Os desgraçados lá vão descobrindo modo de apimentar as repulsivas existências, em síntese. Pondere-se - com este abuso, pretensamente canonista - o que pode ser o “novo cânone sexual ” no “novo confessionário” desta gente e até onde (por consequência) eles imaginam que podem ir na indiscrição e intrusão nas vidas alheias. Impõe-se o aconselhamento público às pessoas que possam ser confrontadas com tais e tão previsíveis interpelações inquisitórias. Na falta de aconselhamento visível este modesto blog assume-o. (Usar-se-á a terminologia tradicional do papista médio a norte do Mondego). Quando ouvirdes de vosso confessor a pergunta (piedosa) pela qual esse santo varão visa clarificar se houve, ou não, bem como até quando houve, os contactos oro-genitais - recomendados pelo magistério - com vosso cônjuge, não vos perturbeis. Com o coração pleno de caridade, tratai imediatamente de lhe enfiar um pano encharcado pelas ventas abaixo. (Pode fazer-lhe mais intenso bem à alma se o pano estiver encharcado em água benta). E enquanto lhe enfiais as ventas no pano encharcado, dizei-lhe com brandura: -“assim, nem o Rego te salva do Jornal Nacional e da Manela Moura Guedes”. Acreditai que, assim fazendo, travareis o bom combate. E isto vo-lo dirá qualquer homem sensato em qualquer lugar do mundo. Um pano encharcado pelas ventas abaixo. E Deus, que vos não acusará jamais por tais coisas, Deus que jamais legislou sobre o cunnilingus e o fellatio, Deus há-de abençoar-vos como sempre o fez.
Wednesday, June 3, 2009
ELEIÇÕES EUROPEIAS: ABSTENÇÃO!
O projecto europeu deveria ter-se fortificado com o exemplo da Suiça, deveria traduzir-se numa democracia sem quebras, nem batotas, no enraizamento de consensos, no progresso comum, em comum acordo. Deveria assentar na condução das instituições europeias - onde a comunhão das soberanias se materializaria - por homens cuja autoridade e prestigio intelectual fosse alicerce dessas instituições e uma condição mais da sua eficácia. Isso tudo que faz da Suiça um fenómeno de prosperidade e paz. Isso que faz de qualquer cidadão da Confederação Helvética, por mais conservador que seja, uma espécie de radical de esquerda aos olhos de um qualquer húngaro, austríaco, espanhol, português, irlandês, até italiano e mesmo francês. Um suíço faz figura de radical junto de qualquer vítima de qualquer terra onde a presença papista tenha tido qualquer influência sobre a concepção de Estado. Mas ao invés de quanto se projectara, os oportunismos de circunstância atiraram para a Comissão uns desgraçados, como o infeliz Barroso, subalternos em quase tudo e incapazes no resto. Gente que faz nosso o seu caminho sempre perto do fiasco, que a outros – e não tanto aos europeus - pode ser conveniente a qualquer momento. Estes desgraçados são inevitáveis. Mas deveria haver um saneamento a permitir pô-los em melhor lugar, à espera de mais ajustado destino. Todos os organismos vivos produzem excrementos. A vida política também. Os Barrosos são o excremento da vida política. Deviam seguir o seu caminho, como coisa biodegrável, rumo à reciclagem. Ao invés, um qualquer Pasolini enlouquecido põe-nos aquilo à mesa. Haverá outra reacção que não seja a de nos levantarmos? Não há outra forma de reacção. E o levantamento deve revestir a forma da abstenção. O voto nulo desqualifica a abstenção dos outros. O voto de protesto, também. É preciso ferir as circunstâncias com a ilegitimidade política da aquisição dos estatutos da deputação. É um pouco como o combate à prostituição, isto. Trata-se substancialmente da mesma coisa, aliás. Num e noutro quadrante resta-nos apenas o poder de não sermos clientes. Tal poder é apreciável. É preciso usá-lo.