Monday, June 15, 2009

NETANYAHU, CASO DE MICROCEFALIA ?

Binyamin Netanyahu encontrou o modo de aderir a Obama, resistindo-lhe. O discurso foi uma manobra de intoxicação. Assistimos disciplinadamente à coisa, em directo. Eis a questão: os refugiados palestinianos são um problema que tem de ser resolvido, mas deve sê-lo fora das fronteiras de “Israel”. Não se percebe porquê. Os refugiados estão desalojados, pela força, desde os anos quarenta, de territórios e cidades onde sempre tinham vivido e que ficam “dentro das fronteiras” (por assim dizer). Não se percebe porque haverá tal problema de ser resolvido “fora das fronteiras”. E essa solução seria a de um pseudo-estado. Um bantustão com a particularidade de dar consistência politica definitiva ao estatuto de uma sub-cidadania, deslocada do plano individual (o árabe era um sub-homem, muitas vezes sem papéis e sem registo de nascimento, sequer) para o plano colectivo: um sub-estado sem liberdade no próprio debate político interno (o Hamas seria proibido, não obstante ter ganho as eleições), sem exército e com economia integralmente dependente do inimigo. É fácil compreender que um tal discurso serve (sem suficiência, sequer retórica) o propósito de sustentar a continuação da violência, da ocupação e de vários crimes contra a dignidade humana previstos no Direito Internacional Penal. “Esta é a terra dos nossos ancestrais”. Os persas conquistaram-na duas vezes e, nessa lógica, poderiam ter, também, uma palavra de reinvindicação legítima. “ A Shoah não teria ocorrido caso o reconhecimento – da independência judaica do território - não tivesse sido tão retardado”. Não nos parece, mas a discussão é irrelevante. É sempre inútil discutir o que as coisas teriam sido se... Mas não parece que os europeus assumam, com tal fundamento, qualquer má consciência como os alemães assumiram a deles. Disse ainda que Jerusalém é território israelita. Não é. E não pode ser. Tal discurso é inaceitável, nos pressupostos como nos desenvolvimentos. Veremos não tanto o que pensa Obama, mas o que pode Obama diante disto, já que lhe não sobra dinheiro para a guerra. Nem a intensificação desta frente fará crescer o pouco dinheiro que há.

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