Tuesday, June 16, 2009

INSURREIÇÃO NO IRÃO?

A Imprensa Europeia insiste no clima de “rebelião iraniana” – inconformismo veemente dos vencidos com aparente catalização externa, porque até o neto do coronel Reza Khan apareceu a aproveitar a oportunidade – falando-se mesmo em “terceira revolução”. Mas, em contrário, o Washington Post vem trazer-nos a posição assente na nationwide public opinion survey of Iranians, em cujos termos as probabilidades do presidente reeleito eram maiores do que as concretizadas. Dois para um, esclarece o texto. Pode haver irregularidades, portanto, mas, fraude não é plausível. Estamos de acordo. Podem fazer-se todas as recontagens. Os vencidos estão polarizados em torno do risco em que o Irão se encontra sob a actual liderança. Mas a República Islâmica sempre esteve em risco. E diante do perigo, as cautelas podem valer menos que as ousadias. Nenhuma delas altera grande coisa, por si. E vale mais a rebeldia do que os vernizes de prudência impossível. O que surpreende é esta vinda a público do Post com tal posição. Quanto à contestação, ela enfraquece o Irão que os contestantes queriam mais preservado, segundo diziam em campanha. Pode desembocar numa atitude de força do regime, ou – o que seria pior - das próprias massas populares. Uma "revolução verde alface" (à imagem da laranja e rosa) estaria sempre e evidentemente votada ao fracasso e "impermeabilizaria" a opinião popular quanto a qualquer pretendida reforma. Às vezes é preciso saber parar. Bem entendido, a presença de Garaudy entre os contestatários (um cretino flutuante que fez figura de inteligente oficial do PCF e chegou a ser ostentado como uma conversão ao papismo) não augura grande coisa. Independentemente de qualquer (estranha) sensatez na América, há nitidamente quem aposte num confronto interno desproporcionado, absolutamente inútil e mais do que dispendioso para o país, fatal para quem insistir em qualquer (estúpida) perspectiva insurreccional. Aqui sempre faltaria a legitimidade popular ou qualquer outra. Mas os serviços de inteligência, como se sabe, assumem com frequência uma direcção política própria. Não é de esperar que a CIA tenha juízo. Não é de esperar que o Mossad ( המוסד למודיעין ולתפקידים מיוחדים ) tenha juízo. Supondo-se que a moderação sem quebras será apenas exigida aos Chefes Religiosos. Essa moderação tem sido mantida. As coisas não estão, porém, a ficar com melhor aspecto.

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