Sunday, January 3, 2010

PTP-Loucâ: a "alternativa monárquica"

Falemos ainda da frustre tugária. Paulo Teixeira Pinto processou Francisco Louçã. Não gostou do comentário a uma iniciativa folclórica e a seus olhos monárquica. Também não gostou de ver e ouvir que o BCP derrapara sob o seu comando. (Coisa aliás evidentíssima). Quer respeitinho. Não se percebe é porquê. Entenderá que o merece por ter sido um sopeiro da Opus? Ou por ter traído os homens da confraria que o promoveram? Ou dar-se-á o caso de, vindo ao seio da “nobreza”, se sentir enfim (sem conceder) reconhecido por gente de “bom berço”?... Mas Paulo Teixeira Pinto tem pelo menos este motivo de fé que é o facto desta frustre terra, amputada à imagem das gentes frustres que o promoveram, permanecer – na Lei como na prática – orgulhosamente indiferente à Convenção Europeia dos Direitos do Homem, cujo texto aliás foi viciado na própria tradução oficial. PTP, todavia, engana-se num detalhe. Um tal esquema contra Direito serve apenas a protecção dos “dignitários” do sistema. E Louçã integra o sistema. PTP já não. A prepotência que aos do sistema se consente, como se direito pessoal fosse, não lhe será agora concedida. Isto tem um outro significado. Duarte de Bragança rodeia-se de cretinos. Ultramontanos que são personagens cómicas. E chegámos a ver, colados a ele, alegados maçons de um proxenetismo de opereta ainda não escrita ("a sórdida viúva eufórica", seria talvez um bom título). Nem surpreenderia que alguns fossem simultaneamente da Opus e de uma das muitas corjas locais pelas quais se dispersou a casa do sino. Talvez sob a toxicidade de tais influências, Duarte de Bragança atacou em público o único Nobel da Literatura da Língua Portuguesa, chamando-lhe – atente-se bem - senil. (Se assim fosse, mais valeria a senilidade de Saramago que a existência de tal detractor). Reclama-se Duque de Bragança e talvez isso fosse escusado (porque é polémico). Também se reclama herdeiro do trono e também isso não está isento de polémica. (Poderia o Rei D. Manuel II assumir as competências do Parlamento? Está ao alcance do Rei, que recusa regressar ao trono por via militar, alterar a Lei da sucessão? Estão publicados ou são publicáveis os pactos de Paris e Dover? De que forma se materializou o Acto de submissão dos Príncipes da Casa de D. Miguel? Foi recebido e aceite pelo Rei D. Manuel II? Se sim, porque legou o Rei os bens da Casa de Bragança ao Povo Português, ao invés de testar em favor do sucessor reconhecido? Eis algumas perguntas que poderiam não ser feitas se o príncipe não parecesse um fantoche ao alcance da Opus e das várias “Grandes Lojas”, entre outros cretinos pelos quais insiste em ser rodeado e que seria fastidioso enumerar aqui). Tendo podido dispor de uma geração notável como a de Gonçalo Ribeiro Telles, Henrique Barrilaro Ruas e João Camossa Saldanha, substituiu essa geração por umas degenerescências pardas, cujas ventas nenhum fidalgo deixaria de tratar com a ponta da chibata de montar. E em cujos lombos nenhum republicano de novecentos deixaria de partir todas as bengalas. Os filhos de tal príncipe são visivelmente deseducados, num processo de cretinização evidente e chocante. Pobres garotos. Chegam a ser referidos folcloricamente pelas iniciais de “SAR” na própria escola que frequentam, como se isso pudesse ter utilidade, ou sentido, no plano dos princípios (tudo inquinando completamente na relação dos garotos com os outros, deixando perplexos mesmo os que têm simpatias monárquicas). Tudo tremendo. Tudo frustre. Porém todas as crianças nascem génios, salvas as circunstâncias congénitas ou genéticas em contrário. Toda a cretinice, feita de inibições e aversões inculcadas, é adquirida. Não pode ser diferente com os príncipes da Casa de Bragança. Os garotinhos nasceram tão brilhantes como quaisquer outros. E logo havia de lhes acontecer isto... Todavia Duarte de Bragança tinha tudo para que tudo desse certo. É claramente o primeiro nobre. (Mas o significado social disso depende apenas de si mesmo). E não há outro que possa representar razoavelmente a Casa, porque nenhum dos outros pretensos pretendentes (outra ridicularia) poderia alguma vez apresentar-se, sequer, como Infante de Portugal. (Mas a relevância prática – social e política - de tal circunstância, só o mérito próprio a pode impor). Que posição tomar, se acaso for necessário tomá-la? Esta: ao príncipe Duarte de Bragança e aos seus sucessores, reconhecemos, como aos demais portugueses (que disso estão objectivamente e subjectivamente privados, aliás contra Direito) oito liberdades com os direitos inerentes - a de pensamento, a de palavra (e demais formas de expressão), a de acção política e cívica, a de trabalho, a de circulação, comércio, indústria e propriedade (em medida compatível com a dignidade nobiliárquica pretendida). Aguardamos que pelo exercício de tais direitos, o príncipe possa encontrar o caminho da respeitabilidade intelectual e política que de todo em todo lhe faltam ainda (por motivos estritamente imputáveis a si próprio). Quanto ao título, diremos que na terra dos títulos – terra de megalómanos e de homens e mulheres servis - as pessoas normais deviam dispensar o respectivo uso. Com presidentes de tudo em todas as esquinas, com “dótores” em todos os cantos, o que mais falta, realmente, é ter um duque em cada cunhal. Ou um marquês por aduela perdida. Há coisas a que as pessoas normais devem poupar-se. O próprio "Botas" não usava condecorações e estava bastante longe de ser uma pessoa normal. Afinal de contas, os títulos só adquirem importância transcendente para quem não tem o que eles significam. É preferível a dignidade reconhecida sem títulos usados, do que títulos usados sem reconhecimento público da respeitabilidade que os sustente. É um pouco a história da licenciatura com a data de um Domingo no diploma. O que explicar tal diploma, explica o resto. Quanto ao processo PTP-Louçã , trata-se do processo de um serventuário (PTP) contra um nobre (Louçã). No mínimo dos mínimos, o grau de Doutor confere as honras de conde palatino. Tal processo visa neutralizar as liberdades naturais, como é hábito infeliz e por ora impune. O serventuário deveria levar aqui uma lição que não pudesse esquecer. E o príncipe que o acolhe deveria rever a composição do seu conselho. Não porque vá a algum lado, com conselho ou sem conselho, mas porque lhe incumbe proceder como se fosse, por mais adversas que as circunstâncias sejam (e são).

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