Wednesday, January 2, 2008

FIM DE ANO ESPANHOL: "Muerte a la inteligência!"

O PSOE - e não o governo espanhol - respondeu à igreja da colina vaticana. Podia ter sido mais duro que isso só faria bem às almas dos destinatários. Tal igreja, com efeito, abriu hostilidades contra o governo socialista logo no ano da sua eleição e manteve-a, sem transigências, até hoje. O texto de abertura das hostilidades foi o do Bispo de Ávila, que aqui se rememora. Estes prelados têm logrado ser, até hoje, a igreja de Franco. Com toda a clareza. Revitalizada pela canonização dos seus mártires, avalizada por J-P2 e proclamada por Ratzinger. Mas o Governo não cedeu. E os prelados insistem nos seus hábitos de interferência, com intrusão directa, mesmo em eleições. Promovendo até uma significativa manifestação no passado dia 30 de Dezembro. Mas o Governo não deve responder a movimentos políticos sem representação parlamentar (exceptuadas circunstâncias peculiares). O PSOE respondeu. Menos mal, como se disse. E isto não é propriamente um problema espanhol. A Europa do sul está (visivelmente) dividida a meio. Espanha é uma das ilustrações dessa clivagem. Uma ilustração sempre expressiva, porque lhe subjaz o eco daquele grito na Universidade de Salamanca, tomado por insulto supremo a Unamuno (sendo, porém, muito mais que isso): “Muerte a la inteligência!”. Platão já tinha prevenido que a estupidez é homicida. E o desfecho natural, para os homens normais, é ficar só como Unamuno. Recorde-se (e não só como curiosidade) que a separação da Igreja e do Estado foi uma das posições que o próprio José António Primo de Rivera sustentou.

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