Friday, November 13, 2009

A EMBLEMÁTICA SUCATA, OU O CÉREBRO GODINHO, OS VENTRES GESTORES, AS TENSÕES INTESTINAS, OS PROCEDIMENTOS SIGMOIDAIS E OS RECTOS TRIBUNAIS

Os basbaques túgares andam discutindo se – sim ou não – deve, ou não, o supremo tribunal túgare decidir questões de escuta telefónica acidental do primeiro ministro da tugária. Foi ouvido a dizer coisas à vara (vara, como se sabe, é um conjunto de porcos e, ainda, como palavra homófona, um tribunal colectivo túgare de - sempre muito - primária instância). Tem isso real importância?... Nenhuma. Quanto se passa é que o partido da moderna e independente, (mais o do caso portucale), o partido do BPN, BPP e da operação furacão, poupado ao caso Casa Pia e demais pedoclastias - como a igreja maioritária túgare – continua o seu assédio moderado ao partido do free port, da casa pia, da lusófona e das sucatas. Nada de sério, em síntese. A direcção do socialismo túgare está tranquila, porque os disparos respeitam as regras e limites estabelecidos e não atingem o que não pode ser alvejado. O processo das sucatas segue o seu curso rumo a parte nenhuma. Apresentam-nos o Godinho – exemplo modelar do baixo-ventre frustre lusitano como “o cérebro” (imagine-se) e mentor (nem menos) de um gang de ministros e gestores públicos. É certo que num sítio de merda, gente de merda obedecerá sempre e sem hesitações a quem lhe pague. E este é um argumento de peso em favor de tal tese. O grande problema é que paga quem tem – mesmo funcionalmente - e o Godinho não tinha. Quem detinha os meios, i.e. os bens a comercializar ilicitamente – os metais não ferrosos e a sucata de ferro – não era o Godinho. Tão pouco o Godinho tinha, ou poderia ter, qualquer acesso aos mecanismos de gestão que mandavam tratar tais metais como lixo e, portanto, os reduziam contabilisticamente a zero. Tanto basta para fazer surgir o Godinho como homem instrumental. Era encarregado pelo gang de retirar dali os metais, ao abrigo de um contrato de remoção de resíduos industriais, obrigado todavia a pagá-los ao preço adequado a quem assim lhos cedia e não às empresas a que eram furtados. Tirar dali, significa, tirar da REFER, da REN, da PT, da EDP, se bem entendemos. Toneladas sem fim de tudo. Latão, cobre, alumínio, inox. Depois o Godinho vendia esses metais a sucateiros. Estes, por seu turno, não sendo suficientemente ricos para que uns milhões de euros lhes voem pela porta fora sem qualquer factura ou recibo, trataram de arranjar quem lhes facturasse aquilo. Ou seja: as compras e vendas fizeram-se e os sucateiros pagaram quanto valiam tais metais. Mas compraram e pagaram ao Godinho e ainda pagaram a factura à parte (a quem facturou o que Godinho não podia nem queria facturar). Porque era assim que o mercado funcionava. Melhor, era assim que esta gentalha condenou o mercado a funcionar. Vem então o Fisco e o MP em perseguição das vítimas, dizendo-lhes que como as facturas são falsas, os sucateiros fizeram uma fraude fiscal de milhões. E aproveitam para os arruinar, paralisando-lhes o negócio, penhorando-lhes o património, apreendendo, até, os carros deles e dos familiares que a polícia passou a usar ainda durante o processo e mesmo antes da acusação (não é brilhante?)… Isto também permite a centralização da riqueza propiciada pelo negócio na Mota Engil e outras entidades, bem entendido. Mas a tese fiscal não podia manter-se muito tempo com a discussão pública do processo das sucatas. Era tão estúpida a situação que até um jornalista corria o risco de perceber. Então, desaparecem os jornalistas do debate público e reinventa-se o Godinho. Foi o alçamento de servo a cérebro. E seleccionam-se os desgraçados que “têm de aguentar”, dando-lhes presumivelmente todas as garantias, claro. Nem é difícil imaginar o que lhes dirão. É “um mau bocado”. Mas “tudo acabará em bem”. Isto “não é um abandono”. "Estamos convosco". Foi uma coisa que “correu momentaneamente mal”. “Nem tudo foi bem pensado”. “É o risco”. Mas “tudo se recomporá”. “Atrás de tempos, tempos vêm”. E assim postas as coisas, nem os processos judiciais são para levar muito a sério. Um detalhe foi o de não se perceber como é que o Godinho teve conhecimento de um acórdão antes sequer do texto ter sido assinado. Falou dele ao telefone. E foi escutado. Começou-se – aliás estupidamente - à procura de uma explicação para isto. Os funcionários da secretaria dizem que não têm nada a ver com o que quer que tenha acontecido. E os desembargadores adjuntos dizem outro tanto. O relator não tem explicação. E, portanto, está tudo perfeitamente explicado. Tão pouco há qualquer razão para que os demais processos sejam diferentes desse. Isto tem uma condição preliminar: a de que os advogados sejam também eles obedientes e esta obediência dos advogados consegue-se pela loja, pela capelinha, pela sacristia. Aqui, tendencialmente, só haverá advogados que sejam bons católicos ou maçons seguros. Porque é que aparece sempre o Pinto de Abreu, sempre o Rodrigo Santiago, sempre o Alves? Mas o controlo também se faz pela intimidação massiva de todos os que não integrando as capelas e as lojas, nem frequentando as sacristias, têm de haver-se com a polícia política que na Ordem dos Advogados montaram Júdice e João Correia. A polícia política intromete-se em processos, sem nenhuma cerimónia. Os seus homúncula assediam insuportavelmente advogados independentes, a qualquer sinal dos seus cúmplices, ou de algum serventuário dos interesses que os alçaram. Foi tal polícia montada para proteger não apenas o partido da casa pia, mas todo o “stablishment” actual da tugária, contra qualquer forma de inteligência ou desassombro. E funciona, claro. Os homúncula que ali servem são iguais a quaisquer outros com análogas funções. Gentalha. Verdadeiros indigentes. De qualquer deles se podendo fazer, sem nenhum esforço, um caso exemplar de demonstração. (Como a seu tempo se fará). Como Eichman, não são monstros. Apenas merdas. Perigosos para as vítimas. E mais perigosos para si próprios do que imaginam. As desgraçadas vêm sempre penduradas numa braguilha, com erros de grafia nos papéis e erros de sintaxe na cabeça. E os desgraçados encontram-se algures e sempre entre o futebol e um vício secreto, segundo pensam, porque cometem sempre a ingenuidade e a imprudência de pensar (que loucura). Porque o banimento de qualquer inteligência se consumou, os basbaques travestidos de jornalistas, vão buscar uns “esclarecimentos” a uns basbaques travestidos de inteligentes. E então, ontem mesmo, na SIC, à noite, apareceu um rapaz engraçado a armar não só em jurista, mas em culto. Saragoça da Mata. Antigo ajudante de Vale e Azevedo. Assistente da Faculdade de Direito (ou coisa parecida). É bem um discípulo de Rebelo de Sousa, em todo o caso. E então para fazer uma analogia (muito) culta decidiu opor – nem mais - Copérnico a Galileu. Também ali havia dois sistemas, dizia o cretino. O de Copérnico e o de Galileu, atente-se bem. (Isto, para ilustrar a diferença entre o sistema inquisitório e o acusatório, sobre cuja caracterização também enunciou uma estranha perspectiva). O travesti de jornalista podia ter encontrado nisto o perfeito pretexto para um grande momento de entretenimento familiar. Mas provavelmente também aquele desgraçado não fazia ideia de quem tenham sido Galileu ou Copérnico. Saragoça da Mata esteve realmente a matar quando, imitando alguém, enuncia que num país onde tudo é mau, não há motivo para que a justiça seja boa. É verdade. Numa terra de merda, não há nenhum motivo para que um jornalista de merda não faça uma entrevista de merda a um Saragoça da Mata que, assim seguindo o próprio raciocínio enunciado, será merda e que, de resto, não tem qualquer motivo para não o ser. Como muito bem disse. Aceita-se a implícita confissão. Mas nisto, preocupa-nos o Godinho. Diabético e com essa fragilidade já publicada, está em condições ideais para que uma súbita degradação do seu estado de saúde possa explicar, a qualquer momento, o seu infeliz passamento. Aterroriza a possibilidade disso nos ser anunciado um destes dias. Porque aqui não há limites quanto ao uso instrumental dos homens. Sobretudo dos que se deixam usar, mas que nem por isso devem deixar de ser defendidos de nefastas utilidades alheias e de objectivos mais nocivos do que alguma vez puderam sequer conceber. E como sinal suficiente de tal perigo vem a publicação da condição diabética do homem. Não lhes basta a violação do segredo de justiça. O sigilo clínico e a reserva de dados pessoais também não lhes diz nada. Aliás aqui nada tem significado, a começar pelas normas para as quais se inventou um estatuto autóctone de sub-positivização. Estão escritas. Estão postas. E assim ninguém pode dizer que não existem. Mas nem por isso está adquirido o que dizem. E quando há o risco de tal aquisição, formula-se uma norma ou especificação contraditória. Desde a Constituição ao Código de Processo Penal não são raros os casos. Sendo sempre, não obstante, intensamente significativos tais casos. Politicamente falando, claro.

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