Thursday, November 19, 2009

A qualificação futebolística:o pesar como sintoma e a aversão como evidência

No fundo, odiamo-nos uns aos outros”, diz com pesar Baptista Bastos. Isso é experiência comum na tugária. E começa a notar-se muito. Mas vamos ver se podemos falar de boas coisas. A Argélia está em festa com a qualificação para o mundial de futebol. A França não está contente com a equivocidade da sua qualificação. Já entre tugas apenas saíram aos gritos comemorativos duas ou três pessoas (por assim dizer). Foi a coisa mais vista do ano nas televisões da tugária. Não obstante, a população recusou qualquer festa. Agradável surpresa. A federação portuguesa de futebol ganhou uns cinco milhões de euros e isso trava-lhe o caminho da insolvência. Uma pena. Uma oportunidade de oiro estupidamente perdida. Continuam com emprego o Madaíl e o seu Relógio de flacidez encadernada pelo foot. Tem sido o homem de mão de João Correia e Júdice para os jeitos da casa pia, na ordem dos advogados à escala. Curiosa personagem. Interessante presença a de uma criatura do foot, meio consabidamente impoluto (não será?), a controlar advogados. A criatura informa-se pelos tantans da selva, segundo diz, (confessando-se selvagem, portanto, nem sequer é um rústico). Confere. É má notícia que continuem com emprego. Deplorável, mesmo. E assim parece tê-lo entendido a população. A selecção foi recebida com escarros bósnios à chegada. Tratamento adequado aos emissários do país dos soldados baratos da OTAN, numa terra explicada e arruinada pela ocupação da OTAN. Mas os rapazes do tuga’s foot também foram vagamente ignorados pelos “seus” no regresso ao “torrão natal”. Porque haveria de festejar-se a chegada de mais dinheiro para a corja? Que motivo de festa podem nisso ver os desempregados, os falidos, os doentes não tratados, as vacinadas cujos fetos morrem (tanto quanto parece) da vacina? E os perseguidos pelos dementes contabilistas do fisco? E os espectadores do caso free port e da face oculta, da casa pia e do caso portucale? E os que vêm negada qualquer justiça por tribunais de juslabregos? Os que são entregues a advogados condicionados e perseguidos por uma ordem de jusalarves (como Luís Relógio), instrumentos de fratrias como a Opus ou pretensas maçonarias à moda do lugar, maçonarias de polícias que perseguem vítimas? Que motivo de festejo pode ter até o funcionário-médio, diante do país com a população em debandada e a redução drástica do funcionalismo no horizonte próximo?... Ficaram, enfim, quase todos em silêncio. Vamos ver se esse silêncio se mantém. Eis um belíssimo prenúncio de tempestade. Ou de abandono. Ambas as coisas são remédio. Embora (como sempre) aqui se recomende preferencialmente o abandono. “No fundo odiamo-nos uns aos outros”. Não é assim tão no fundo. É bastante mais claro que isso. E Deus seja louvado por este vestígio de normalidade. Só é preciso remeter a coisa para os limites da expressão razoável, mas eficaz, da aversão. Aqui, ou se faz da merda matéria de ocupação própria, ou se deixa a merda às moscas. Em tão restrita alternativa, isto não parece lugar para homens e mulheres normais. Nem, por consequência, lugar onde se possa fazer crescer uma criança sem riscos desproporcionados. É mais prudente deixar tal gestão às moscas, à excepção dos que não conseguirem sair de cá. Esses vão, provavelmente, ter de matar moscas. E fazer da merda, adubo. Ficaram, uns e outros, calados diante do convite de festa, apesar das emissões televisivas dos jogos terem sido as mais vistas do ano. Estão quase prontos, então. Ainda bem. Este não será, ainda, o pior sítio do mundo. A ficção bósnia vai mais adiantada que a tuga, por exemplo. Mas os destinos são semelhantes. E nem aqui nem lá tais destinos são efeitos da globalização.

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