Tuesday, May 26, 2009

OS CENTRISTAS E A BONECA INSUFLADA

Algumas boas almas emergem da classe média com uma ideia de boa educação francamente peculiar. Materializa-se na cara de prisão de ventre. Não lhes parece que a naturalidade fique bem. Distinto, distinto, é “cagar sentenças”. São um problema gigantesco para si próprios. Essa história de cada qual ser quem é, aflige-os. Não sabem ser quem são. Quem não atravessa a vida com cara de prisão de ventre, “perdeu o controlo”. E, portanto, Marinho Pinto “perdeu o controlo”. É o centrismo à moda das circunstâncias. Mas há coisas que convém discutir a partir do princípio. Eis o princípio: Marinho Pinto é Bastonário porque é advogado e porque foi eleito. A “Manela” é pivot porque dorme com o chefe. A “Manela” foi feita jornalista numa estação com largos traços de bordel e outros tantos de asilo. Há um “link” evidente entre a circunstância do homem ser chefe e a (pública) exuberância (oficial) da respectiva vida sexual. (Que vergonha). Parece uma novela do bom velho Fiodor Mikhailovitch, isto. Precisará o homem da aprovação do auditório nacional? Da aprovação de todos os outros homens? E pensar que o D. João V se disfarçava antes de ir para o “engate”… Um tal background dificilmente habilitará para porta-voz da Moral e do Direito no “Jornal Nacional” (“nacional” porquê, já agora?)... Em contrário, parecem pronunciar-se a Literatura e a História atestando, há muito tempo, que as “pêgas” são moralistas. Sim. Mas são-no no bordel. Ou em casa. Dali alimentam a Literatura, de resto. Desde Zola, parece. Tudo “por bem”, naturalmente. D. João I irritou-se com essa e - perdendo o controlo, como diria o centrista - espetou com as pêgas num tecto de Sintra, enfiando-lhes o “por bem” no bico, pelos séculos dos séculos. São moralistas, sim. Aliás como outros desviantes. Uma coisa é indesmentível, em todo o caso: Marinho Pinto aceitou ser entrevistado (por assim dizer) naquele cenário. Isso é matéria de decisão sua, evidentemente. Mas tudo melhorará quando as pessoas normais tomarem posições, mais à Berlusconi, talvez, mas infinitamente mais ajustadas às circunstâncias apesar disso. Os entrevistados deviam passar a dizer que a seriedade do que têm a tratar é incompatível com aquilo. E passariam então a ir a outro lado, se o houver. Ou aq parte nenhuma, que também dá. Os entrevistados (quaisquer entrevistados) não podem ser chamados ao eventual facto do Moniz preferir agora dormir com esta e não com qualquer outra. E aqui passaríamos do princípio para os Princípios. E não é “a Manela” a única a quem tal ajustamento de atitude devia opor-se. Quanto ao Mário Crespo e à sua “vinda a terreiro”, ele que se deixe de coisas. Lá porque a criaturinha lhe dava tesão há trinta anos, não temos que aturá-lo, com os efeitos de tais memórias, a vida toda. Mas o Crespo não será completamente um centrista, para estes efeitos. Há apenas algumas memórias que o emocionam. Acontece a todos.

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