Thursday, September 11, 2008

Portugal-Dinamarca

Os simpáticos Dinamarqueses chegam e cantam “temos uma linda terra, de costas verdes, cercada pelo mar”. Os tugas respondem com a Portuguesa gritando a plenos pulmões “contra os canhões, marchar marchar”. Desajustado. É normal que os outros fiquem um tanto agastados. Irrita isto de chamarem canhões – indiscriminadamente e sempre - aos membros da equipa adversária e em todos os jogos de futebol. Sempre esperámos que alguém perguntasse, alguma vez, no fim do desafinado coro: -“desculpem, mas a quem é que estão a chamar canhões, mais exactamente?”… Não obstante, uma vez que lhes chamaram canhões, os Dinamarqueses dispararam. E ganharam o jogo. Outro disparate, parecido, é aquela dos Italianos. Chegam os Finlandeses (por hipótese) e cantam “Amamos-te querida pátria nascida do mar”. Os italianos respondem “marchemos para a morte, a Itália chamou”. A reacção mais natural seria retorquir -“assim não jogamos”. Não estamos propriamente no jogo de bola dos Maias. Por isso aliás se entende mal tanto nervosismo. Se, ao menos, o chefe da equipa vencida fosse degolado no campo ainda se perceberia a extrema tensão. Assim não se entende. Dizer palavrões à passagem de um árbitro, parece aceitável. Descer ao campo e bater no árbitro, ainda parece compreensível. (Os pretensiosos que querem julgar devem estar sempre preparados para o risco da coisa). Mas aqui se esgota a aceitabilidade. Os hinos guerreiros no desporto estão deslocados. Muito mais razoável é a Espanha cujos jogadores, orgulhosamente, ouvindo a Marcha Real, cantam - a plenos pulmões e urbanamente - “tralálá”... Mas o mais adequado ainda era fazer hinos para as diversas federações, com belas letras sobre meniscos rachados e chuteiras cortantes. Ou cantando a invencibilidade das cabeças que marcam golos habitadas pela força de um coice de mula, ou ainda chorando os guarda-redes em picadinho, podendo até incluir-se um “não há árbitro que vos valha”. Isso estaria bem. Isto é um exagero.

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