Saturday, December 15, 2007

ENTRA O CÓMICO NA TRAGÉDIA

A disfonia de Cavaco voltou a fazer-se ouvir. Pede às polícias que devolvam o sentimento de segurança à população. Isso poderia realmente fazer-se. Mas distribuindo postos de administração endovenosa de morfina, por exemplo. Quanto está em causa é, segundo o presidente, não tanto a segurança, mas o sentimento. E além disso, o sossego. Tragam a morfina, portanto. Estas intervenções presidenciais apresentam o eterno problema da vida institucional portuguesa. Os economistas entendem isso bem: é a relação qualidade-preço. Focando a coisa com maior exactidão, a Presidência da República Portuguesa é, anualmente, quinze milhões e quatrocentos mil euros mais cara que a Casa dos Grão-Duques do Luxemburgo. Custa o dobro do que a Casa do Rei de Espanha e a ordem de grandeza mantém-se face à Casa do Rei dos Belgas. A Família Real Britânica inteira sai mais barata que um único Cavaco Silva (e em quase um milhão de euros por ano). Ora, com a provável excepção de SM a Rainha Isabel II (porque o terceiro sexo são as inglesas velhas), todos os outros ganham no design. Como no timbre. E todos, sem excepção, na sensatez. Quando falam, faz algum sentido o que dizem. O presidente Sampaio foi um Thomaz (ml). Um corta fitas, à excepção do caso de Santana Lopes onde foi, finalmente, um corta vazas. Mas o presidente Cavaco corre o risco de protagonizar uma restauração integral do perfil do Almirante Thomaz. Em breve rebentarão as anedotas que o tenham por “herói”. Talvez um pouco mais impiedosas, agora, que a designação do seu concerto preferido de Motzart e este era - segundo a anedota, a correr como história verídica - “o Amadeus”, de acordo com as palavras que lhe são atribuídas.

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