Wednesday, February 17, 2010

Barroso e Constâncio: orgulho da tugária

A tugária exporta serventuários. Quem diria que a produção de gente abaixo de todas as classificações poderia ser rentável? Depois de Barroso, Constâncio. Na tugária a classe dominante não se incomoda em descer às tarefas de estado, entrega-as a sócios comanditários. O filho do caseiro. O filho do contínuo. O filho do polícia. O filho do gasolineiro. Não há exemplo na Europa de uma tão grande falta de respeito pela dignidade do estado. O filho do Marquês vem à direcção da Direita Espanhola, o senhor d’Estaing e o príncipe Poniatowsky vieram à direita francesa. O herdeiro da coroa imperial da Áustria (ele próprio) veio à direcção da direita alemã. Já o labrego tuga se dispensa disso. Enriquecido pelo esclavagismo tardio do estatuto do indigenato, pela venda de toneladas de feijão pôdre ao exército, ou simplesmente pela decisão política de Salazar que o mandou fazer bancos, o labrego pensa (“honestamente”) que pode “contratar” o governo à sombra do qual viverá. (Nem sequer se importando que surjam outros como ele, como os Loureiros plantados de estaca por Cavaco).E assim a tugária produziu este fenómeno único de àvidos e mediocres sopeiros graduados. O clero papista – sodomizando-os desde a mais tenra infância – enraízou neles uma ideia da humildade, da confidencialidade e da funcional ausência de limites do poder. Os mais republicanos terão suportado, em vez do senhor padre cura, um qualquer venerável com gostos análogos e cara parecida. (É menos repugnante a cara de Ferro Rodrigues que a de Policarpo?)... Sabem obedecer. Jamais saberão mandar, mas sabem matar, constranger e, sobretudo, sabem ignorar. Não se esperaria que tivessem alguma utilidade para alguma outra coisa, ou para mais alguém. Mas ei-la. Os membros do Directório de Estados da Europa não desdenham o emprego destes pobres diabos, imprestáveis para tudo a não ser para isso que os contratam. O Directório de Estados não precisa de dispersar os seus quadros. Nem de se incomodar demais com uma Europa onde o controlo das instituições pode ser telecomandado ou delegado em gente muito obediente. Os subalternos tratarão disso. Vindo até de estados vassalos. Estados falhados. Protectorados potenciais. E só há um estado capaz de integrar tal tipologia com radical perfeição: a tugária. E quem melhor na tugária para supervisionar o sistema financeiro europeu do que o serventuário com as provas de ter falhado em tudo na supervisão do sistema financeiro autóctone?

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