Thursday, February 4, 2010

GRÉCIA EM QUASE-TUTELA, TUGÁRIA EM PROTECTORADO?

A Grécia apresentou – com garbo, senão altivez e com clara ambição – o seu plano de recuperação do deficit orçamental. Deixou claro que não precisa de apoio financeiro da UE para a concretização do plano que a Comissão olha como “ambicioso, mas realizável”. Todavia foi colocada mais do que sob observação directa, sob uma quase tutela dos burocratas da União. Há aqui problemas. O primeiro resulta de uma relação turbulenta com a Grécia porque os romoi, os que contam, sempre foram pouco entusiastas relativamente a algumas referências da Europa ocidental e central, a saber: são alérgicos ao papismo e naturalmente avessos ao (vago) antipapismo que representam as obediências maçónicas ainda dignas desse nome (as que não são dignas desse nome traduzem meras máfias). Para eles a Europa ocidental é uma colecção sem interesse de bárbaros e saqueadores. Recebem da Europa ocidental pouca indulgência. E quase nunca estão de acordo seja com o que for. Os burocratas de Bruxelas (nunca houve burocracia inteligente, porque as funções da burocracia não são as da inteligência) ainda não perceberam exactamente com quem se estão a meter. E menos ainda se aperceberam das implicações do que estão a fazer. A Grécia cumprirá o programa. Olhará para os seus irmãos ortodoxos dos Balcãs e seguirá atentamente o chorrilho de desconsiderações e barbaridades às quais são submetidos. A Roménia, a grande Roménia - irmã maior dos países balcânicos - é violentamente insultada, ainda sem reagir. A Sérvia foi alvo do mais criminoso culturicídio de que há memória desde 39-45. A Bulgária, a doce Bulgária, é tratada como lugar de gente intelectualmente menor. Tudo se reúne, portanto, para que os quatro grandes marginalizados passem a agir em conjunto -uma vez que têm evidentemente todos os problemas em comum - e, enfim, entendam que uma frente balcânica comum, porventura mesmo, uma Confederação dos Estados dos Balcãs bem apoiada numa boa relação com os Estados Eslavos e os Estados Árabes, é a única solução para deixar os Estados da Europa Ocidental no seu lugar. (Lugar muito mais pequeno do que imaginam). Em todo o caso, a Grécia, a Roménia, a Bulgária, a Sérvia (como a Macedónia, o Montenegro e a República Serbska) estão muito mais à frente do que se imaginam. E no desfavor de que são alvo, há mais brilho político do que actualmente suspeita quem dirige circunstancialmente essas nações de grandes povos. É um brilho genuína e intensamente europeu. Isento das disfunções do papismo e das reacções que suscitou. Como dos preços de uma e outra coisa. A novidade que se espera na cena europeia, virá provavelmente pelas suas mãos. A Grécia será pois colocada quanto à vida financeira numa quase tutela. Os outros seguir-se-lhe-ão. Mas quanto à imunda tugária - comparativamente falando - é preciso notar que só o estatuto de protectorado pode salvar, nesse território, a pouca gente normal que aí vive ainda e almeja a intervenção externa capaz de pôr fim ao terror do nacional-catolicismo e de o devolver aos esgotos. Porque a metafísica católica do Estado vai sempre dar – nunca repararam? – ao esgoto. O sagrado na sua teologia política serve apenas para proteger de toda a crítica aquilo que eles são e isso que são é inenarrável, embora eles o confessem nas câmaras de horrores em que os seus templos se consubstanciam (para não falar já nas sacristias). Não espantam as taras onde até há uma metafísica da tara, uma moral que cristaliza as taras e uma disciplina de silêncios protectores que visa legitimar todas as censuras e abriga todas as cumplicidades concebíveis. O primeiro problema na tugária é o papismo. É preciso extirpá-lo. Para que a vida volte ao seu curso. E à fidelidade natural ao Projecto Divino da Criação. E para um tal arcaísmo pode bem haver uma solução arcaica. Um despotismo libertador, como no iluminismo? Não há tempo para gerar um tal príncipe. Um regime de protectorado bastará. Uma contenção burocrática do papismo em ordem à redução drástica do seu desproporcionado e dispendioso peso. Com remessa a tribunal criminal das multidões de tarados que delinquiram. Uma barreira burocrática com protecções automatizadas das liberdades civis. Uma perseguição policial da corrupção - talvez com quadros europeus - em ordem à correspondente recuperação de fundos. E, evidentemente, uma Faculdade de Direito propriamente dita, com a remessa para antologias cómicas do que os pretensos juristas locais têm escrevinhado. Escrevinhado, sublinhemos, no mais cretino clima de elogio recíproco e na mais evidente protecção recíproca de todas as inépcias.

No comments: