Sunday, August 7, 2011

O FIM DE UM MUNDO


O que antes diziam os radicais é hoje a mais suave expressão dos críticos moderados. Os USA estão em queda. E queda livre. Nas guerras que desencadearam, a superioridade de armamento conseguiu uma apreciável (ainda que dispendiosa) capacidade de destruição das casas e vidas alheias. Mas essas guerras são atoleiros. Onde nenhuma vitória foi possível em  dez anos. As ocupações militares do Afeganistão e do Iraque são crimes vergonhosos. Revela-se simples cobardia sem nexo a destruição da Líbia por bombardeamentos (já sem nenhum objectivo militar ou político), visando impor o “poder” de gangsters, que haveriam de ser os instrumentais do “novo poder” em caso de vitória. Mas não pode haver viotória militar com derrota política. Os “rebeldes” já se matam uns aos outros e nunca foram muitos. As reportagens de televisão seriam hilariantes se não fossem trágicas. Mostram gangs de selvagens, sem treino possível, sem disciplina, sem nada além da força brutal dos bombardeamentos otanascas que  sustentam essa ficcção. Na Europa, as ocupações militares otanascas na Bósnia e no Kosovo são outras derrotas políticas. Os conflitos estão exactamente no mesmo lugar. Esperam a falência financeira da ocupação militar da OTAN para se resolverem como tiverem de ser resolvidos (e têm de ser resolvidos). O assombroso insulto, a tremenda imagem do “progresso político” na Europa pode bem ver-se no filme (chocante) que tem o título brasileiro de “terror sem limites”.É uma bela alegoria. Mas, como nos ensina toda a gente em todo o lado, não havendo alternativa que não seja a morte, o melhor projecto é o de morrer decentemente. As guarnições ocupantes devem ser olhadas (e vão sê-lo) como banditismo genocida. Caiu o mito da invencibilidade das armas inteligentes, ou da guerra onde os armamentos se batem sós, sem baixas, ou inconvenientes para a potência agressora. Uma desgraça. A coroar uma indecência. Agora toda a gente sabe que combater de armas na mão é o que sempre foi. Questão de determinação, de inteligência e de legitimidade. Mesmo que as armas possíveis sejam apenas as velhas fundas, ainda assim a vitória é possível. Do Afeganistão a Gaza, essa demonstração está firmada. Agora vem o corolário da derrota otanasca. “a dívida do norte é incobrável” concluía o presidente Morales, um dos novos heróis que fazem novo o Sul. E com toda a razão. A China relançou o projecto da Nova Moeda para que as loucuras dos USA não lesem mais do que é razoável. A burla na qual se consubstancia o dólar americano está a chegar ao fim da sua história. O resto é o que iremos ver. E Não pode ser esquecida, nisso que se for vendo, a intencionalidade política na construção da miséria. A “estratégia” de Abu Graib e Guatánamo, pode bem ampliar-se às “questões domésticas” e a qualquer momento. A fome, por outro lado, não é mau instrumento do abuso de poder. E pode bem ser a resposta intencional às rebeliões que estalam por todo o lado, de Inglaterra a Israel e do Cairo a Madrid. (Lisboa não conta, até porque a fome já grassa nas ruas há anos e sem nenhuma inquietação). Pode bem ser uma técnica de sujeição, sim. E é preciso preparar isso. Parecendo poder entrever-se que a crise gerará as novas lideranças necessárias à paz e aos objectivos do desenvolvimento. Até que estas surjam não voltará a haver segurança. Nem justiça. Nem confiança. Isso parece claro.



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