Sunday, August 3, 2008

Nada de novo: a estupidez nos seus postos

William Montgomery antigo embaixador dos USA na Croácia e em Belgrado, veio dizer que a versão das promessas de Holbrooke a Karadzic o fazia rir. Está bem. Mas Holbrooke que é felizmente um atrasado mental reconheceu já ter negociado com Karadzic a sua retirada dos cargos na Republica Srbska. Muito bem. E a troco de quê, então? Se negociou a retirada, que deu ele em troca?... Mais interessante é o facto deste oligofrénico ter acrescentado que Karadzic merece a pena de morte. É uma opinião interessante, por acaso coincidente com quanto diz Karadzic. Nós não vamos dizer o que Holbroke merece. Tadic, entretanto, passou ao ataque. Se Karadzic esteve protegido pelos americanos (ou por alguns deles) a culpa não pode ser da Sérvia. Não é um argumento bonito, porque uma tal discussão é discussão de poltrões. Mas como há uns mais poltrões que outros, esta ideia tem a sua graça. Em todo o caso e no dia 2 de Agosto, foi divulgada em Lisboa uma entrevista televisiva (ao programa Sociedade das Nações) do Ministro dos Negócios Estrangeiros português. E este reconheceu que, antes das eleições presidenciais na Sérvia, o Conselho da UE aprovou as condições para a celebração do acordo (para “ajudar”) favorecendo Tadic. E antes das parlamentares aprovou o acordo de associação (embora suspenso) também para ajudar Tadic. Uma intrusão absoluta, portanto. Por outro lado o MNE português reconheceu como provável que os USA desencadeiem uma operação militar contra o Irão antes do fim do mandato de Bush… Se essa probabilidade se verificar, tudo isto é inútil. Primeiro, porque os vectores euro asiáticos determinantes se aglutinarão imediatamente em apoio do Irão (Rússia, China, Índia, não falando já da Ásia Central). Isso terá repercussões imprevisíveis nos estados da Aliança Bolivariana, como em toda a América Latina. Acrescendo a completa desorganização do quadro de relações com África e a explosão do Médio Oriente. Sem poder esquecer-se a reacção imprevisível das opiniões públicas nos USA e nas Europas. (Dificilmente se conceberia mais disparatada ideia). Depois, porque o Irão vence qualquer afrontamento militar que lhe seja imposto no seu território, contra qualquer exército, mesmo sofrendo o emprego de armas nucleares. E imporá retaliações duríssimas durante o confronto, com preços de vitória tanto mais violentos, quanto maior for a violência empregue contra ele. Por último, porque a UE desapareceria numa crise sem salvação (devendo designadamente pagar o gás e o petróleo dez vezes mais caros - se encontrar quem lhos venda – e, isso, se não viesse a ser alvo de respostas militares a semear-lhe os territórios de escombros e cadáveres)… Pensar em tal coisa é francamente mau. Mas vir um MNE europeu dizê-la, seria impensável salvo tratando-se de um imbecil. Porque dizer tal coisa é - objectivamente - colocá-la como problema em agenda. Um problema de legítima defesa de dois terços do mundo. (Foi o que o MNE português veio fazer, com uma tranquilidade de atrasado mental). Postas as coisas nestes termos, é bem possível que depois da antevisível tempestade, reúna um tribunal internacional para julgar os do tribunal ad hoc, entre muitos outros. Nada nos Balcãs é definitivo. Nada é definitivo, em nenhum quadrante geográfico. Mas pode confiar-se na estupidez como a grande constante conjuntural, se acaso isso for um consolo. Voltando a Karadzic, a imprensa europeia começa a acordar. Os franceses, por exemplo, demoraram bastante a fazer o que os brasileiros do Globo fizeram imediatamente. Uma nota: se a imprensa da América Latina reage mais depressa do que a Europeia, a opinião pública de lá também anda mais depressa. Vamos continuar a olhar. Com paciência.

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