Friday, February 10, 2012

ASSASSINATO JUDICIÁRIO DE GARZÓN (1)

Garzón foi abatido com uma sentença-tiro da judicatura do neo-franquismo e como retaliação directa das suas investigações ao financiamento ilícito do PP e em resposta às queixas a que deu acolhimento dos descendentes das vítimas do franquismo. Alguns destes acolhem-se agora junto dos tribunais argentinos e logo se verá com que desfecho. Nem valeu a Garzón a perseguição desmiolada aos independentistas que lhe custou a reserva perpétua dos bascos e catalães, uns e outros nada espanhóis e alérgicos, sobretudo, ao espanholismo que os provincionaliza, os asfixia, lhes explora a prosperidade “regional” e os corta da Europa em cujos cenários se sentem protagonistas naturais e o são, como historicamente o foram. Garzón foi abatido por um tiro-sententeça e como o antevia perfeitamente. Não se pode servir dois senhores, dizem os catalães e bascos diante da indignação da esquerda “tradicional”. E isso é verdade. Não deixando de ser verdade que quanto ocorre com Garzón ocorre por todo o lado na península. Os neo-franquistas, como os neo-salazaristas nunca deixaram o poder judiciário. E se uma imagem de aggiornamento pôde servir-lhes os interesses em algum momento, isso, como eles gostam de dizer, “tem limites”. E os limites são estes. A preservação da ignorância, a limitação do debate, a defesa de uma conformação ideológica do poder e do Estado, o ódio a qualquer inteligência e a aversão a qualquer brilho próprio. É certo que se não pode servir a dois senhores. Não é menos certo que se não pode pactuar com estes. Garzón foi abatido por um tiro-sentença.

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