Thursday, April 14, 2011

O PARTIDO DA CRISE

Que silêncio em torno das questões fundamentais!...Que preciosa gestão do léxico!... façamos a focagem: porque razão haveria o partido de Passos Coelho de ter insistido tanto na consumação da desgraça que, apesar de tudo, os cretinos do Sócrates teimavam em não desencadear?... A resposta é simples. Isso foi assim, porque o negócio de quem os emprega assim o exige. E o negócio é o mesmo. É sempre o mesmo. Na circunstância em que o comércio de capitais não conhece perturbação, o negócio é a usura (sem tirar nem pôr) e então a banca precisa do estado que lha viabilize e não a penalize na política fiscal. Quando o mercado de capitais conhece um sobressalto, o negócio passa a ser a concentração patrimonial, as hipotecas devem executar-se sem apelo nem agravo e sem apelo nem agravo devem executar-se os fiadores, mesmo depois de se ter recebido o acervo de bens cuja aquisição se financiara por mútuo bancário (porque esses bens, diz o credor bancário, estão "desvalorizados", por via do "mercado" que o cartel dos credores bancários controla completamente). E aqui a banca precisa do estado que lhe não dificulte o acesso ao património dos privados, ou seja, precisa de um estado que consiga ser completamente cego ao pedido de protecção e aos direitos das multidões que são assim atiradas à miséria vindas da classe média e da baixa classe média. O papel do Sócrates era o da primeira fase. O do Passos Coelho pretende ser o da segunda. E lá estão todos, desde  a corja da Opus aos canalhas dos gangs da casa do sino. Isto é interessante. Temos de ver se a população aguenta mais esta. A nós parece-nos que não aguentará. E que o poder descerá à rua por período indeterminado. É preciso conduzir bem os comicios dos amotinamentos, se melhor solução não for possível. A vida desta gente é incompatível com a da população. Não se diz isto com alegria, bem entendido. Mas é exactamente assim. A primavera árabe deve descer em breve às ruas destes árabes sem Corão.  

No comments: